Título: Palocci promete mais verba, mas política não muda
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2005, Metrópole, p. C3

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, prometeu ontem no Rio aumentar o volume de repasses a Estados para gastos com segurança pública. "É de extrema importância para o País." Mas contestou a análise de que a falta de investimento federal no setor contribuiu para a vitória do "não" no referendo. "Os recursos para o Ministério da Justiça têm aumentado progressivamente", afirmou sem citar números. Para o ministro, são apressadas as afirmações de que o resultado do referendo representou uma crítica às políticas de segurança dos governos federal e estaduais. "O resultado merece uma boa reflexão e quem ousar fazê-la apressadamente corre o risco de errar."

Ele comparou o referendo ao realizado sobre o sistema de governo, em 1993. "Quando a campanha do presidencialismo disse que iriam nos tirar o direito de escolher o presidente, o jogo virou. Se foi para evitar uma perda de direitos, é sinal de amadurecimento."

CONTINUÍSMO

Apesar da vitória expressiva do "não" no referendo, o governo federal não vai alterar sua política de segurança pública, nem adotar medidas de impacto de curto prazo para satisfazer ao clamor popular. O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, informou ontem que o programa do governo para o setor é consistente, está em plena execução e os resultados virão a médio e longo prazos.

Segundo o secretário, o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), implantado no País em 2003, começa a atingir alguns objetivos estratégicos. Entre eles, citou a interligação dos bancos de dados de segurança dos Estados, a criação de laboratórios de DNA em todas as regiões e o programa de reciclagem das polícias, que prevê uma revisão radical nas relações entre policia e os cidadãos.

Ele concorda, porém, que há escassez de recursos para segurança pública, não só da União, mas nos Estados e municípios. "Vivemos num país com pobreza", disse.