Título: Desemprego mantém queda e renda volta a subir em São Paulo
Autor: Marcelo Rehder e Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2005, Economia & Negócios, p. B3

O desemprego na Grande São Paulo voltou a cair em setembro, o segundo mês consecutivo de queda. Pesquisa divulgada ontem pelo convênio entre a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que a taxa recuou de 17,1% da População Economicamente Ativa (PEA) em agosto para 16,9% no mês passado. Foi o segundo melhor resultado do ano, atrás apenas do registrado em janeiro, de 16,7%. Em setembro, 1,692 milhão de pessoas estavam sem ocupação, 29 mil a menos do que no mês anterior. A expectativa dos responsáveis pelo levantamento é de que o desemprego continue em queda nos próximos três meses e atinja em dezembro uma das taxas mais baixas dos últimos cinco anos.

Outro dado positivo mostrado pela pesquisa foi o crescimento da renda do trabalhador pelo terceiro mês seguido. Em agosto (último dado disponível), o rendimento médio real dos ocupados atingiu R$ 1.074, com aumento de 1,7% em relação a julho. Na comparação com agosto de 2004, quando estava em R$ 1.052, a elevação foi de 2,1%.

A queda do desemprego em setembro não se explica pela oferta de novas vagas, mas sim pela saída de 52 mil pessoas do mercado de trabalho. Ao mesmo tempo em que essas pessoas desistiam de procurar ocupação, foram fechados 23 mil postos de trabalho nos 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo.

O único setor que contratou mão-de-obra foi o comércio, que abriu 55 mil vagas, já se preparando para o aumento das vendas no fim do ano. As prestadoras de serviços fecharam 29 mil postos de trabalho e a construção civil e o emprego doméstico eliminaram outros 45 mil. A indústria fechou 4 mil vagas.

O resultado negativo do emprego, principalmente na indústria, frustrou os técnicos da Seade e do Dieese. "A expectativa era de que a indústria continuaria contratando", diz Alexandre Loloian, coordenador de Análise de Pesquisas da Fundação Seade. Para ele, é sinal de que o ritmo de crescimento econômico perdeu fôlego.

No entanto, Loloian ressalva que a continuidade da queda da taxa básica de juros pode criar nova expectativa de aquecimento da demanda no último trimestre do ano, período que tradicionalmente apresenta queda no desemprego. "Para que a taxa diminua de forma mais significativa, é necessário haver uma conjugação dos movimentos sazonais de contratação com o crescimento da economia", comenta Marise Hoffmann, técnica do Dieese.

A massa de rendimentos, principal indicador da capacidade de consumo da população, cresceu 3,8% nos últimos 12 meses, refletindo a ampliação dos rendimentos médios e da ocupação. De setembro de 2004 até o mês passado, foram criados 101 mil postos de trabalho na Região Metropolitana de São Paulo.