Título: São Paulo fecha o cerco à aftosa
Autor: Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2005, Economia & Negócios, p. B6

O governo de São Paulo anunciou ontem que está proibida, por tempo indeterminado, a participação e a concentração de animais suscetíveis à febre aftosa em feiras, leilões e rodeios no Estado, a partir de hoje. Os eventos que estão em andamento serão monitorados até o fim pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria da Agricultura. A suspensão da medida também caberá aos técnicos da CDA. De acordo com informações da Secretaria de Agricultura, os eventos poderão ocorrer desde que não haja a participação dos animais suscetíveis à aftosa. Assim, por exemplo, os rodeios poderão ser realizados com eqüinos. O governo do Estado autorizou ainda a antecipação para hoje do começo da segunda etapa de vacinação contra a aftosa no Estado, que deveria começar apenas em 1º de novembro. O fim da campanha será no dia 30 do próximo mês, como previsto. Há quase dez anos, São Paulo, responsável por 70% das exportações de carne bovina do País, não registra nenhum foco da doença.

Fiscais da Defesa Agropecuária de São Paulo começaram ontem a interditar 31 propriedades rurais em 24 municípios do Estado que receberam 1.660 animais do Paraná. São 808 bovinos, 793 suínos, 39 ovinos e 20 caprinos que entraram em São Paulo desde 1º de outubro e são considerados suspeitos de contaminação com o vírus da aftosa.

O objetivo da medida é isolar os animais em quarentena, por isso eles não podem ser retirados das propriedades, que também ficam proibidas de receber novos animais. A Secretaria da Agricultura informou ontem que não vai mais divulgar os nomes dos proprietários e dos municípios atingidos pela interdição para não prejudicar os criadores, pois há grandes chances de os animais não estarem contaminados. A secretaria também evitou usar a palavra "interdição", trocada por "monitoramento" ou "interdição de movimento".

De acordo com assessoria da Secretaria da Agricultura, os técnicos não haviam encontrado, até o fim da tarde de ontem, nenhum animal com os sintomas da aftosa. Mesmo assim, todo o gado monitorado está sendo vacinado contra a doença.

Dos 808 bovinos trazidos a São Paulo, a maior parte foi localizada em Novo Horizonte e Guararapes, onde três propriedades foram interditadas, com 238 animais.

MINAS GERAIS

Em Belo Horizonte, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), vinculado à Secretaria da Agricultura, também proibiu a realização de eventos pecuários (feiras, leilões e exposições). A proibição vai durar de 30 de outubro a 20 de novembro. Com a medida, 500 leilões deixarão de ser realizados. "Queremos evitar aglomeração de animas e o risco de contágio, a exemplo do que aconteceu no Paraná", disse o diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto.

Segundo ele, o objetivo da medida é garantir também a imunidade dos animais na etapa de vacinação nas regiões do Circuito Pecuário Centro-Oeste, a partir de 1º de novembro. Ele revelou que o Estado não vai antecipar a imunização dos animais, apesar da preocupação com a contaminação, para evitar uma corrida por vacinas. Para a próxima etapa, serão utilizadas 12 milhões de doses em Minas Gerais. Porém, o IMA vai recomendar aos pecuaristas que procurem concentrar a vacinação do rebanho nos primeiros 15 dias para que a ação do remédio seja mais eficaz.

O secretário da Agricultura, Silas Brasileiro, revelou ainda que o governo estadual vai liberar mais R$ 1,9 milhão para o IMA, para complementar a verba anual de R$ 8 milhões do instituto.

VALE ESTA/ CORRIGIDO Nove bovinos de duas propriedades de Itararé, no sudoeste de São Paulo, são monitorados pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA).

Eles foram comprados num leilão em Curitiba, e todo gado proveniente do Paraná passa por investigação por causa da suspeita de febre aftosa no Estado.

Tanto a Fazenda Lígia quanto o Sítio São José, com quatro e cinco animais adquiridos no leilão, respectivamente, estão interditadas. O pecuarista Valdivino Silva, proprietário da fazenda, afirma que os bovinos não têm a doença. "É gado nelore de elite. Está todo imunizado, tem guia de vacinação." Ele pagou cerca de R$ 150 mil por eles.

Segundo o diretor técnico da Defesa Agropecuária de Itapeva, César Batalha, o gado realmente "não tem sinal da febre aftosa, mas precisa ser investigado". Equipes da CDA estiveram nos locais ontem e domingo.

Segundo Silva, ontem os agentes não realizaram nenhum tipo de exame nos animais. "Só fizeram algumas perguntas", contou.