Título: CPI dos Correios amplia devassa em 14 fundos de pensão
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2005, Nacional, p. A7

A CPI dos Correios aprovou ontem a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de 14 fundos de pensão, 30 corretoras e 21 operadores de mercado. A decisão amplia, de modo significativo, a devassa que já havia sido autorizada há cerca de dois meses. Naquele primeiro pedido só foram incluídos dez fundos - agora, outros quatro entraram na lista. Além disso, as operações visadas limitavam-se, antes, às aplicações nos bancos Rural e BMG. A partir de hoje, a investigação abrangerá toda a movimentação dos 14 fundos no sistema financeiro do País. O pedido de ontem inclui, também, a quebra dos sigilos fiscal e telefônico desses fundos. Com a ajuda da empresa Ernst & Young, contratada para analisar os dados de quebra de sigilo, o sub-relator de Fundos de Pensão da CPI, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), quer apresentar no dia 5 de dezembro o primeiro relatório parcial com as investigações sobre o eventual uso de recursos dos fundos no caixa 2 montado pelo empresário Marcos Valério para o PT.

As 30 corretoras são suspeitas de dar prejuízo nas negociações de títulos públicos com fundos de pensão. Relatório parcial da CPI dos Correios já detectou prejuízo de R$ 9 milhões em seis de 10 fundos de pensão. ACM Neto explicou que, nesta primeira fase, vai dedicar-se a analisar os documentos com as quebras de sigilo antes de agendar depoimentos. A quebra dos sigilos abrange a maioria das operações de mercado.

Criada há duas semanas, a sub-relatoria de ACM Neto pretende centrar suas investigações em quatro linhas: operações que prejudicaram os fundos de pensão; informações que órgãos reguladores - Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - tinham sobre corretoras que não agiram corretamente; ramificações das corretoras Bônus Banval e Guaranhuns, ambas usadas por Valério para repassar recursos ao PT e aliados; e operações feitas com fundos de pensão pelo operador de mercado Haroldo de Almeida Rego Filho, o Pororoca. Um dos 21 operadores que terão o sigilo quebrado, ele depõe hoje na CPI.

Os 14 fundos são: Nucleos (da Nuclebrás); Prece (da Cia. de Abastecimento e Água do Rio de Janeiro); Sistel (da Telebrás); Refer (da Rede Ferroviária); Centrus (do Banco Central); Real Grandeza (de Furnas); Eletros (do Grupo Eletrobrás); Postalis (dos Correios); Previ (do Banco do Brasil); Serpros (do Serviço Federal de Processamento de Dados); Portus (da Portobrás); Funcef (da Caixa Econômica Federal); Petros (da Petrobrás); e Geap (dos servidores públicos federais).