Título: União Européia proíbe importação de aves vivas
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2005, Vida&, p. A17

Diante do avanço da gripe aviária, a União Européia decidiu ontem proibir a importação de aves silvestres vivas até 30 de novembro e aumentar o rigor no controle sobre os animais introduzidos por particulares em seu território. O governo argentino também adotou medida semelhante. E a Indonésiaanunciou a quarta morte no país - e a 62ª no mundo - causada pela doença. A medida da UE foi tomada por causa da existência de pelo menos seis focos de gripe aviária na Rússia - dois deles na parte européia do país - e dois na Croácia.

Também pesou a confirmação de um caso isolado na Grã-Bretanha,onde um papagaio do Suriname morreu no fim de semana com o vírus H5N1 - o único dos 15 vírus de gripe aviária capaz de matar humanos -, provavelmente contraído no local onde era mantido sob quarentena. Na Alemanha, testes preliminares indicaram a presença do vírus H5 num gansoselvagem achado morto. Não se sabe se é o H5N1.

A proibição é total para a importaçãocomercial deaves silvestres vivas procedentes de qualquer parte do mundo. Foram vetadas também as importações de carne de frango, plumas, caça e aves vivas procedentes da Romênia, Turquia, Rússia e Croácia, países onde foram detectados casos de gripe aviária. Os25 países membros aprovaram aproposta emreunião do Comitê Permanente da Cadeia Alimentar, em Bruxelas. A proibição 'será aplicada às importações em grande escala e com fins comerciais' de pássaros exóticos e de estimação, como papagaios, canários, pombas e aves de rapina, segundo o porta-voz de Saúde da Comissão Européia - o órgão executivo da UE -, Philip Tod.

Nos últimos três meses, a UE importou 230 mil aves do tipo. As medidas prevêem algumas exceçõespara pássaros transferidos entre zoológicos ou instituições similares. Também é permitida a importação, por estabelecimentos autorizados, de ovos em incubação que tenham sido descontaminados na chegada ou com destino aos zoológicos.

A proibição atende a pedidos de autoridades dos vários países, criadores de aves e grupos conservacionistas. Pesquisadores europeus também aprovaram a idéia de fechar as fronteiras para terem tempo de avaliar melhor a evolução da doença entre as aves e as possíveis mutações do vírus.

Na Argentina, o Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Alimentar (Senasa) também suspendeu a importação de aves e outros animais silvestres. 'A Senasa declarou alerta sanitário e decidiu suspender o ingresso no país de animais silvestres e aves ornamentais até que saibamos com segurançacomo a doença está se espalhando no mundo', disse o diretor do órgão, Jorge Dillon.

INDONÉSIA

A quarta vítima na Indonésia foi um homem de 23 anos, que ficou doente em 28 de setembro e morreu dois dias depois. Ele trabalhava em contato com aves. Análises em laboratório confirmaram a presença do H5N1.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) detectou também no país mais um doente. É uma criança de 4 anos, que já recebeu alta. Na Tailândia, seis pessoas estão hospitalizadas desde domingo com sintomas da doença. O governo local vai distribuir 1,3 milhão de funcionários de saúde e voluntários para conter a gripe aviária, que já fez 13 vítimas lá.

As autoridades da Indonésia recrutaram 900 mil voluntários para inspecionar cada casa do país para se certificar de que os moradores não estão escondendo aves infectadas.

A China identificou mais um surto da doença. Cerca de 2 mil pássaros foram infectados no leste do país, dos quais 550 morreram. O governo sacrificou mais de 45 mil aves.

Biólogos do Canadá acreditam que a doença possa alcançar as Américas no ano que vem, com a chegada de aves migratórias da Ásia.