Título: Detector de mentiras
Autor: João Domingos e Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2005, Nacional, p. A4

MENTIRAS: Enganar o polígrafo exige apenas disciplina e conhecimento da tecnologia eletro-eletrônica envolvida. O equipamento, composto de uma série de eletrodos aplicados sobre o peito, braços e cabeça do interrogado, detecta alterações no batimento cardíaco, na freqüência da respiração, na pressão arterial e na transpiração do interrogado. As versões mais avançadas identificam a geração da onda cerebral P300, que é disparada involuntariamente pelo sistema nervoso quando uma imagem ou um objeto é reconhecido. Assim, se o suspeito mentir ao dizer que jamais viu determinada arma, cena ou pessoa, a onda P300 indicará a mentira. Esse tipo de polígrafo digital ainda não é utilizado no Brasil e mesmo nos Estados Unidos, onde está sendo desenvolvido, não é aceito como prova - apenas como evidência. A razão dessa resistência dos tribunais baseia-se na capacidade das pessoas de aprender a driblar a máquina. Doses elevadas de tranqüilizantes do grupo das diazepinas, associadas a uma disciplina de comportamento - algo como "acreditar no que se está dizendo como sendo a verdade" segundo o psicólogo forense José Silveira - resultam em respostas falsas porém validadas como verdadeiras pelo detector de mentiras. Portadores de hipertensão e ansiosos também não podem ser avaliados com segurança. Geralmente quando solicitados a confirmar seu próprio nome, esses indivíduos são apontados pelo sistema como "em condição de mentira". O índice médio de eficiência do polígrafo convencional é estimado em 60%. Detectores digitais chegam a 90%.