Título: Interbrazil fez seguros para empresas contratadas no governo Marta
Autor: Ricardo Brandt e Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2005, Nacional, p. A8

Suspeita de ter alimentado o caixa 2 do PT em Goiânia (GO), a Interbrazil Seguradora fechou 147 contratos com empresas que prestaram serviços ou participaram de licitações na Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Marta Suplicy (PT). Foram seguros que totalizaram R$ 30 milhões em apólices, dados como garantia em contratos ou disputas licitatórias. A empresa é investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Estadual e pela CPI dos Correios. Na terça-feira, a CPI quebrou o sigilo fiscal, bancário e telefônico da empresa e de seu proprietário, André Marques da Silva. Para o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), a CPI terá de investigar todos os contratos da Interbrazil. "Está claro que a Interbrazil procurou se calçar com o apoio político de certas autoridades, em especial na campanha eleitoral, para obter benefícios mais à frente", afirmou ACM Neto, um dos sub-relatores da comissão. "André Marques alega que fez doações para vários partidos, mas sem dúvida preferia o PT."

Não há doação da Interbrazil registrada em benefício da campanha de Marta. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da ex-prefeita informou que a Prefeitura não interfere na contratação das fianças, "que constitui uma relação firmada entre particulares", empresas licitantes e seguradoras. "A exigência de garantias a participantes de licitações é obrigação do poder público contratante, em respeito à Lei de Licitações. À Prefeitura cabe, por meio das comissões de licitação e dos órgãos contratantes, verificar o cumprimento desta obrigação."

A Interbrazil deixou de funcionar em agosto deste ano, após ter sido liquidada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) por irregularidades contábeis e por vender seguros fraudados. A empresa, porém, ganhou os holofotes após ter sido apontada como pagadora do caixa 2 do PT, em Goiás.

O esquema envolveria o irmão do ministro da Fazenda Antonio Palocci, Adhemar Palocci, e serviria como troca de favores com a empresa. Segundo as investigações do MPE, a Interbrazil pode ter se beneficiado em contratos com órgãos públicos, por conta do esquema de caixa 2 petista. O proprietário foi procurado para comentar o caso, mas não respondeu às ligações.