Título: Tasso admite que nível da crise chegou ao auge
Autor: Silvia Amorim e Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2005, Nacional, p. A9

O futuro presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), admitiu ontem que o fato de ele ter falado em impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera, ao pregar coerência aos que atiram pedra contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), é sinal de que a temperatura da crise política atingiu nível recorde. Nos bastidores, governo e oposição compartilham a mesma avaliação sobre o motivo de a crise de relacionamento ter se agravado. Líderes governistas se queixam de que a oposição reage ao fato de Lula ter melhorado nas pesquisas. Tasso reconhece que o presidente recuperou-se um pouco. "Este governo já esteve bem pior. Houve um momento em que bastaria um sopro para que desmoronasse", disse Tasso.

O problema, segundo ele, é que a oposição agiu com responsabilidade neste momento agudo de fragilidade do governo diante das denúncias de corrupção e foi mal compreendida. "O governo interpretou mal e, assim que sentiu um arzinho para respirar, esqueceu que tinha rabo preso. Com isso, é lógico que o rabo volta a aparecer."

"Se Azeredo conheceu o purgatório por conta do caixa 2 de uma eleição que perdeu, o inferno do Lula, com seu pecado multiplicado por dez, é o impeachment", sugeriu Tasso, para frisar em seguida que "a crise e as CPIs não acabaram, os crimes não foram esclarecidos, os culpados não foram punidos e os pecados do governo não foram esquecidos nem purgados".

Em conversas reservadas, governo e oposição também responsabilizam "os criadores de caso" do PT pela tensão. Interlocutores de Lula estão recomendando a alguns petistas que evitem ataques desnecessários.