Título: Com radicalização e risco de nova CPI, Lula chama Ren
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2005, Nacional, p. A9

Preocupado com a radicalização do confronto entre governo e oposição, o presidente Lula chamou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDBAL), para uma conversa ontem. Lula ficou contrariado com a intenção do PSDB de criar a CPI do Caixa 2, mas Renan o tranqüilizou: deu a entender que essa comissão não irá para frente.

Depois do encontro com Lula, Renan contemporizou: 'Se houver fato determinado, número de assinaturas e prazos, vamos instalar a CPI', disse. 'Mas se houver convicção de que os fatos estão sendo apurados em outras CPIs, melhor não abrirmos outra. Só que essa definição não é minha: é da Casa.' Lula está aborrecido com a guerra entre PT, PSDB e PFL.

Em conversas reservadas, avalia que o 'denuncismo' tomou conta do País e prejudica as votações no Congresso. Ele até já orientou os petistas a darem trégua na ofensiva contra PSDB e PFL, mas sem sucesso. 'Não há divergência entre o PT e o Planalto', disse o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

'Eu tenho a obrigação de defender os interesses do partido. Quem está no Planalto, obviamente, defende os interesses do governo. Falo isso com a tranqüilidade de quem era ministro e dialogava com o PT', completou ele, que foi titular do Trabalho e da Previdência.

Na tentativa de baixar a temperatura, o governo agiu para que o PT não se insurgisse contra o senador Eduardo Azeredo. Mas os tucanos não viram nenhum gesto de distensão e voltaram sua ira contra os petistas, atazanando sua vida no Congresso.

Resultado: ontem, o Planalto teve de ceder em vários pontos para votar a MP do Bem, que desonera os investimentos do setor produtivo.