Título: Senador diz que não aceita ser achincalhado
Autor: Luiz Alberto Weber
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2005, Nacional, p. A10

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), reagiu ontem à distribuição dos cartazes com fotomontagem na qual aparece vestido de nazista. Em discursou no plenário do Senado, reafirmou que não vai recuar da decisão de "fiscalizar" o governo Lula e disse que não perdoará o responsável pela produção dos cartazes. "Não vou aceitar ser achincalhado. Tenho 38 anos de vida pública. Não serei intimidado de forma alguma. Faço uma oposição responsável e fiscalizadora." O mal-estar criado pelos cartazes espalhados nas ruas de Brasília levou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), a se solidarizar, em plenário, com Bornhausen e a afirmar que o presidente jamais compactuaria com a decisão de espalhar os cartazes para atingir um oposicionista.

"Espero que essa atitude não se repita", afirmou Mercadante, na tentativa de evitar que a divulgação das fotos aumente ainda mais a tensão entre governo e oposição. Segundo ele, é inadmissível que práticas como estas, "já usadas contra integrantes do PT, ainda sejam adotadas". "É a agressão de um anônimo", frisou o senador, antes de saber que o militante petista Avel Alencar foi o responsável pela encomenda dos cartazes.

Mercadante disse ainda ter ficado satisfeito com as explicações a respeito de uma frase "agressiva" de Bornhausen contra o PT. Em agosto, o presidente do Senado admitiu estar encantado com as denúncias contra o PT, porque, assim, o País ficaria "livre desta raça por pelo menos 30 anos". "Sou petista há 25 anos. Tenho orgulho disso. Quando li que Bornhausen havia falado em acabar com esta raça eu me senti agredido.Mas sei que nem sempre o que é publicado é o que corresponde ao que foi dito", afirmou Mercadante, num aparte ao discurso de Bornhausen.

Parte da sessão de ontem no plenário foi tomada por discursos de colegas que também manifestaram solidariedade ao presidente do PFL. O líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), voltou a acusar o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, de ser o responsável pela divulgação da fotomontagem. "Temos de cobrar uma atitude do governo em relação à postura do ministro do Trabalho", disse José Jorge. Para o líder da oposição, Marinho seria o responsável pela produção da montagem. Isto porque ele disse, semana passada, que Bornhausen tem "saudades de Hitler".

Para o senador José Sarney (PMDB-AP), a calúnia é a "face cruel e sombria da política". Segundo o senador Edison Lobão (PFL-MA), os "delinqüentes da vida pública" quiseram encabeçar uma "revanche à ação política responsável". "Nenhum de nós pode se silenciar." Segundo o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), a investigação deve apurar o suposto envolvimento do ministro Luiz Marinho no caso.