Título: Lula acerta com Berzoini campanha da reeleição
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2005, Nacional, p. A12

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ontem sinal verde para a preparação de sua campanha à reeleição, em 2006. Em conversa reservada com o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), Lula concordou com a proposta apresentada pelo partido, que pretende fazer um balanço da administração petista para a produção do novo programa de governo. A direção do PT vai procurar todos os ministros e conversar com os dirigentes de empresas estatais, a partir de novembro, com o objetivo de produzir um diagnóstico desse mandato. "Queremos trabalhar com informações, não com impressões", afirmou Berzoini. "Não podemos fazer um programa descolado do governo."

O ex-presidente do PT, Tarso Genro, também confirmou ao Estado que começará a alinhavar com o PSB e o PC do B um projeto de desenvolvimento que dará subsídios para o programa de Lula à reeleição. "O presidente Lula vai começar a se fortalecer agora. A guerra política contra o PT e o seu governo não terá os efeitos desestabilizadores desejados pela oposição", disse Tarso.

Berzoini afirmou que o primeiro movimento dos petistas será o de conversar com os aliados tradicionais de esquerda, como o PSB e o PC do B. Lembrou, porém, que a crise política não impedirá o PT de renovar as alianças com os partidos envolvidos no escândalo do mensalão, do PL ao PTB, passando pelo PP.

"O PTB não é o Roberto Jefferson", insistiu Berzoini, numa referência ao algoz do PT e do governo. "É o partido do nosso competente ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia. Então, eu não vou vetar uma aliança com o PTB só por causa de um incidente".

Se depender do governo, o PMDB também casará de papel passado com o PT em 2006. Na seara peemedebista, porém, tudo caminha em outra direção. Ao menos por enquanto. "Vamos ter candidatura própria ao Palácio do Planalto. Não vamos voltar atrás", garantiu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

De qualquer forma, ainda há muitas articulações pela frente e tudo depende do desfecho da crise. No próprio PT há inúmeras divergências não apenas sobre o tom do programa de Lula como em relação às alianças que sustentarão sua candidatura à reeleição.

No primeiro programa nacional de TV depois da crise, a ser exibido hoje, o PT vai comparar as ações do governo Lula e da administração FHC. "Vamos mostrar quais são as razões da amplificação da crise: a disputa política", observou Berzoini. "Os fatos concretos são desproporcionais ao tamanho do barulho."