Título: Advogado vai pedir adiamento por três meses
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2005, Internacional, p. A15

MAIS TEMPO: O advogado de Saddam Hussein anunciou ontem que na abertura dos procedimentos, hoje, questionará a legitimidade do tribunal e pedirá o adiamento do julgamento por três meses. Segundo funcionários da corte, um adiamento solicitado pela defesa pode ser concedido, embora não se saiba por quanto tempo. Khalil Dulaimi disse aos jornalistas que pedirá mais tempo para preparar a defesa e conseguir a inserção de outros advogados, árabes e ocidentais, na equipe da defesa. Ele se reuniu ontem com o cliente por uma hora e meia e garantiu que Saddam está otimista. "Seu moral é muito, muito, muito alto e ele está muito otimista e confiante em sua inocência, embora esta corte seja injusta", disse. "Nós vamos contestar a legitimidade da corte, como temos feito todos os dias. Vamos alegar que é inconstitucional e não tem competência para julgar o presidente legítimo do Iraque. Saddam é o presidente legítimo do Iraque enquanto o tribunal é ilegítimo porque a invasão dos EUA é ilegal. Tudo que foi feito sob a ocupação é ilegal." No começo da semana, em entrevista à revista alemã "Der Spiegel", Dulaimi qualificou o processo de farsa. "Nada obedece os procedimentos regulares. Não recebemos nenhum documento oficial até 25 de setembro. Isso é uma violação das leis iraquianas. Ainda há muita coisa a ser feita. Testemunhas precisam ser ouvidas e acusações válidas precisam ser feitas. O mais importante, a segurança de todos os envolvidos, deve ser garantida. O problema é: quem pode garantir a segurança no Iraque hoje?"

Indagado sobre que medidas tomaria, caso o tribunal vá adiante com o julgamento, apesar das suas objeções, o advogado respondeu: "Embora esteja ciente de que este será mais um processo político do que um julgamento criminal, não consigo imaginar que os juízes iraquianos cedam à pressão dos ocupantes americanos." Sobre a possibilidade de Saddam ser sentenciado à morte, Dulaimi afirmou: "Nenhum juiz iraquiano imporá uma sentença de morte."