Título: ´Em ano eleitoral o governo não vai inventar mágica´, diz Lula
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2005, Nacional, p. A6

O presidente Lula garantiu ontem à noite, em São Paulo, que em 2006, ano de eleições, seu governo não vai lançar o Brasil 'numa aventura de fazer política fácil, de apresentar uma mágica e, no dia seguinte, acordar com prejuízo'. Empolgado com os números da economia do País que, segundo ele, está crescendo com inflação baixa, o presidente participou da abertura do Salão Internacional do Transporte, criticou 'planos mirabolantes' e falou do futuro: 'O Brasil merece a chance de se transformar definitivamente num país desenvolvido e grande, de economia sólida, com ciclo de crescimento de longo prazo', discursou. 'Eu trabalho com a idéia de que a gente dê uma chance a nós mesmos para os próximos 15 ou 20 anos, porque somente assim a gente vai poder se orgulhar de um dia ser convidado para participar do G-8.' 'Muitos de vocês já foram dormir com plano econômico mirabolante, aquele que salvava a humanidade', prosseguiu Lula. 'Todo mundo já foi dormir um dia e o governo anunciava com pompas um plano. Não vou dizer nome de nenhum (plano) aqui para não citar nenhum governo, mas teve gente que foi dormir devendo 4 e acordou devendo 12. Teve gente que quebrou. Nós não vamos fazer opção pela mágica.'

Lula chegou ao Pavilhão de Exposições do Anhembi às 19h40. Percorreu os estandes das grandes fábricas do segmento de transporte rodoviário e subiu na boléia dos caminhões. O ministro Luís Marinho (Trabalho) acompanhou o presidente em quase todo o percurso. Quando chegou a vez do estande da Volkswagen, Marinho sumiu. Reapareceu depois, quando o presidente já chegava ao espaço da Mercedes-Benz. 'Em ano eleitoral o governo não vai inventar nenhuma mágica, vai fazer aquilo que precisa ser feito', disse o presidente à uma platéia de empresários. 'O Brasil não pode jogar fora essa chance.

Vamos continuar no ritmo em que estamos. Eu peço a vocês: vamos persistir.' Ao lembrar que mandato de presidente 'tem prazo determinado', Lula fez um apelo: 'As conquistas que a sociedade tem não podem ser derrotadas porque muda de presidente. Esse é um dos males do Brasil, um dos males da administração pública. Cada um que entra quer fazer uma coisa nova e esquece a coisa velha.'