Título: APS cogita se filiar a partido, mas reivindica autonomia
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2005, Nacional, p. A10

Dirigentes da Ação Popular Socialista (APS), tendência que deixou o PT no fim de setembro por discordar dos rumos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se reúnem amanhã com a Executiva Nacional do PSOL para discutir como vai ser a entrada da corrente no novo partido. "Tem que haver uma transição", diz o deputado Ivan Valente, que explica que a maioria dos militantes do agrupamento ainda não se filiou à legenda. A disposição, afirma, é pela integração, mas é preciso esclarecer pontos importantes. "Se houver incompatibilidade, podemos ficar na filiação democrática", diz ele, referindo-se à possibilidade de a tendência não se integrar totalmente ao partido, hipótese vista com cautela pelo presidente do PSOL do Rio, Milton Temer, que, embora ele elogie a "atitude responsável" da APS, faz questionamentos. "Isso não é tendência, é fração", afirma.

A APS, porém, entra no PSOL com o peso de uma das maiores tendências do PT. Tem um ex-prefeito de capital (Edmilson Rodrigues, de Belém), dois deputados federais (além de Valente, a deputada Maninha, do Distrito Federal), quatro estaduais (Randolfi Rodrigues, do Amapá; Aracelli Lemos, do Pará; Brice Bragato, do Espírito Santo; e Afrânio Boppré, de Santa Catarina). Há ainda pelo menos 11 vereadores no Estado de São Paulo (um deles na capital, Carlos Gianazzi), e 10 no Pará.

O PSOL já conta com pelo menos quatro tendências. Já estão lá a Liberdade e Revolução (LR), com a senadora Heloísa Helena e ex-integrantes da corrente petista Democracia Socialista; o Movimento de Esquerda Revolucionária, da deputada Luciana Genro (RS); a Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), do deputado João Babá ; e Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), com sem-terra e sem-teto, ex-PSTU. Há ainda os independentes, como Temer, o deputado Chico Alencar e outros.