Título: PSOL reúne ex-udenista, ex-trabalhistas e esquerda
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2005, Nacional, p. A10

Eleito constituinte na Guanabara em 1960 pela conservadora UDN, o diplomata Affonso Arinos de Melo Franco Filho, que se apresenta como católico praticante e socialista democrático, apoiou o governo do maior líder do partido, o anticomunista Carlos Lacerda, por um mês. Mudou-se para o PDC, porque o radical governador carioca atacou a política externa independente de seu pai e ministro das Relações Exteriores, Affonso Arinos. Quarenta e cinco anos depois, após um mandato de deputado federal nos anos 60 e já aposentado da carreira diplomática, ele volta à política com outra líder radical: a senadora esquerdista Heloísa Helena (AL). Ela preside o partido formado o PSOL, ao qual Mello Franco se filiou "para ajudar." "Meu único compromisso é com os dogmas da Santa Igreja Católica", diz o diplomata, de 74 anos, que foi embaixador do Vaticano e eleito em 1999 para a cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras (ABL). "Não tenho planos, não tenho pretensões.Sou um católico progressista. Não sou comunista."

Mello Franco é um dos recém-filiados ao PSOL, que, com a "legenda democrática", tenta atrair personalidades democráticas e de esquerda, permitindo-lhes concorrer a cargos sem compromisso com a disciplina partidária. Ele foi convidado pelo presidente do partido no Rio, Milton Temer, seu amigo, e conversou com Heloísa Helena só por telefone. A lista de adesões é diversificada: tem Pedro Ruas, ex-presidente do PDT do Rio Grande do Sul; Jacques D'Ornellas, eleito deputado pelo PDT do Rio em 1982; José Luiz Fevereiro, da coordenação da campanha de Lula em 1994; Marcelo Freixo, militante da área de direitos humanos em presídios; e Ivan Valente, ex-petista, entre outros recém-chegados.

"Nossa prioridade é reforçar a candidatura Heloísa Helena a presidente onde ela já é forte, os formadores de opinião", afirma o presidente do PSOL fluminense, Milton Temer.

O PSOL já começou a se preparar para 2006. Com dois senadores e sete deputados, espera ampliar a bancada na Câmara, indo a 9 ou 13 deputados. Suas bases mais fortes são São Paulo, Rio Grande do Sul, Alagoas, Ceará, Rio de Janeiro, Acre, Amapá e Distrito Federal.