Título: Governo quer antecipar plano de circulação de aves
Autor: Isabel Sobral e Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2005, Vida&, p. A21

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem que o governo pretende antecipar, de 15 de dezembro para 30 de novembro, a conclusão do plano de regionalização de circulação de aves vivas entre Estados, que prevê a proibição do trânsito desses animais pelo País. Ele fez o anúncio no 19º Congresso Brasileiro de Avicultura, em Brasília. O plano foi sugerido no início da semana pelos empresários do setor. Segundo eles, essa estratégia, que já acontece com a bovinocultura, permitiria maior controle e a erradicação de eventuais surtos de gripe aviária entre as aves brasileiras.

Isso também ajudaria a manter o País exportando, já que as interrupções de compra dos animais poderiam se limitar aos locais onde a doença fosse registrada. Pela proposta do setor privado, o plano proibiria o trânsito entre os Estados de aves vivas, mas o comércio de carne ficaria liberado. As Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste entrariam no programa a partir de janeiro.

Entre as medidas já adotadas pelo governo, Rodrigues citou a suspensão, por tempo indeterminado, de importações de aves de todos os países em que haja risco ou registro da doença; a proibição de importação de material e resíduos aviários; e a identificação das rotas migratórias que passam pelo Brasil. Em conjunto com os Estados e o setor privado, será feito um cadastro de granjas avícolas. Estão em análise a instalação de fornos crematórios em aeroportos, para queimar cargas e alimentos suspeitos recolhidos em aviões, e a adaptação dos aparelhos de raio X para identificarem resíduos orgânicos nas bagagens.

Para evitar que eventuais focos se espalhem com rapidez, o Ministério da Agricultura pretende fazer a vacinação de aves sadias alojadas nas áreas perifocais (3 quilômetros a partir de um foco) e vigilância constante num raio maior, de 10 quilômetros.

O coordenador-geral de combate às doenças do Departamento de Saúde Animal, Guilherme Marques, disse que o plano de contingenciamento que está sendo elaborado prevê ainda que aves que não apresentarem sintomas da gripe possam ser abatidas e processadas termicamente para consumo posterior. As aves doentes deverão ser sacrificadas com gás (CO2) e depois levadas para incineração.

A idéia do ministério é criar um fundo setorial para aquisição das vacinas e indenização dos avicultores prejudicados por um possível foco.