Título: Vacinação contra febre aftosa é retomada
Autor: Fabíola Salvador, Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

Começa hoje a segunda etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa. O cronograma do Programa Nacional de Erradicação da Aftosa previa que 15 Estados e o Distrito Federal começariam a imunizar seus rebanhos hoje, mas no Distrito Federal, em Goiás, Rondônia e São Paulo a vacinação foi antecipada devido ao ressurgimento da doença em Mato Grosso do Sul. Nesses Estados, os animais foram vacinados entre os dias 15 e 29. O prazo para a vacinação vai até 30 de novembro. Nas contas do governo, 161,2 milhões de bovinos, equivalente a mais de 80% do rebanho de 197,8 milhões de cabeças, e 1 milhão de búfalos (97% do total) serão imunizados. Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, de Pernambuco, Sergipe e do Tocantins devem vacinar seus rebanhos. Nesses Estados, a primeira etapa da campanha foi em maio.

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, alertou ontem para a necessiadade de os criadores se convencerem de que a vacinação é uma medida benéfica não só para o setor pecuário, mas também para toda a economia.

Desde o dia 10 de outubro, quando foram confirmados os primeiros focos de aftosa, 47 países suspenderam total ou parcialmente as compras de carne bovina do Brasil. Rodrigues acredita que as restrições acabarão ainda este ano.

Técnicos do Centro Pan-Americano de Aftosa (Panaftosa), órgão supranacional responsável pela coordenação sul-americana do programa de erradicação do doença, concluíram que a vacina que começa hoje a ser aplicada no rebanho brasileiro é eficaz contra o vírus que infectou animais em Mato Grosso do Sul.

Segundo Jamil Gomes de Souza, coordenador-geral de Combate à Doenças, departamento do Ministério da Agricultura, a vacina faz com que os animais criem anticorpos capazes de identificar, isolar e destruir o vírus O, subtipo 1, encontrado em animais de Eldorado e Japorã, no extremo Sul de Mato Grosso do Sul. "A eficiência é de 98%", disse Gomes.

O seqüenciamento genético do vírus já inativo - antes isolado pelo Laboratório Nacional Agropecuário de Belém e do Recife - foi feito no Rio de Janeiro e mostrou uma pequena variação dos encontrados em outros focos na América do Sul. "É um vírus que atua na região, da mesma família de outros já encontrados no Paraguai."

Ainda ontem, surgiu a suspeita de um novo foco de aftosa em Mato Grosso do Sul, mas desta vez na cidade de Sete Quedas, fora da zona tampão. O Ministério da Agricultura não confirmou a informação.