Título: Bolsa, dólar e risco ignoram a crise
Autor: Mario Rocha, Denise Abarca e Lucinda Pinto
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Economia & Negócios, p. B13

Bom desempenho de Wall Street ajuda a Bovespa, que tem alta de 2,99%; dólar cai 0,53% e risco país recua 1,66%

Mais uma vez colada a Wall Street, que se animou com a alta de 1,7% na renda pessoal dos americanos, a Bovespa subiu 2,99%, embora o giro financeiro continuasse baixo, R$ 1,590 bilhão. O dólar caiu 0,53%, para R$ 2,252, o risco país recuou 1,66%, para 356 pontos, e o A-Bond ganhou 0,70%, vendido com ágio de 3,45%. Os juros futuros fecharam praticamente estáveis, assim como o paralelo (R$ 2,48%). A matéria da revista Veja sobre um suposto financiamento da campanha de Lula em 2002 com dinheiro de Cuba não mexeu com os mercados. "A matéria serviu para desenterrar a crise política, mas não teve sustentação para mexer com a Bolsa", disse um operador. Os mercados cambial e de juros também não se abalaram.

Curiosamente, as incertezas que freiam o mercado acionário estão relacionadas com os Estados Unidos, e não com o Brasil. "Enquanto houver essa indefinição sobre o rumo da economia americana, a liquidez na Bovespa deve continuar baixa", comentou outro operador. O Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deverá aumentar na reunião de hoje 0,25 ponto em sua taxa básica de juro, além de manter a palavra "comedido" em sua ata. "Se vier algo diferente disso, será surpresa." Mas ontem, o aumento da renda dos americanos e a expectativa de uma ata tranqüila fizeram o Dow Jones subir 0,66%, a Nasdaq, 1,55% e o S&P' 500, 0,91%. O grande receio é que o Fed aponte um repique inflacionário .

As maiores altas foram de Itaubanco PN (5,29%), Gerdau Metalúrgica PN (5,22%) e Cemig PN (5,17%). As maiores quedas foram de TIM Par ON (1,26%), Light ON (1,15%) e Sabesp ON (0,42%).

A ausência do Banco Central na compra e a tranqüilidade do cenário externo ajudaram os "vendidos" no jogo da formação da taxa média do comercial (ptax) que vai balizar o vencimento de dólar futuro, hoje. A alta registrada de manhã não se sustentou, e a moeda americana passou praticamente o dia todo em baixa.

Como o BC não costuma intervir na véspera de vencimentos futuros, para não adicionar volatilidade, o mercado seguiu o que está sendo considerado seu curso "natural", já que os leilões de compra, na prática, têm conseguido evitar quedas mais bruscas do dólar.