Título: Estudante do Rio encara 3.ª paralisação em 6 anos
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Vida&, p. A14

Estudante do último período de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Frederico Monteiro de Aguiar, de 24 anos, começou o semestre animado: pela primeira vez desde que entrou na universidade, em 1999, as férias escolares seriam em janeiro/fevereiro, e coincidiriam com as das faculdades particulares. Seria a chance de curtir a última viagem com os amigos - com todos já formados, será mais difícil. De novo, não foi possível. A UFF está em greve desde 24 de agosto. "Desde que ingressei na universidade, estudei em todas as férias. É um desconforto total. E, enquanto você está de 'férias', seus amigos estão trabalhando", disse.

Esse não é o único inconveniente de ter enfrentado três greves em seis anos de UFF. As reposições de aulas bagunçaram a grade de horários, o que impediu que Aguiar se matriculasse em algumas matérias, ele teve a formatura atrasada - o curso deveria ter terminado no segundo semestre do ano passado -, e não pôde inscrever-se nas seleções de empresas que buscam estagiários ou trainees entre aqueles que estarão formados até o fim do ano.

A estudante do segundo ano de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Thaís Matsushigue, de 19 anos, acha que a greve só prejudica os alunos. "Se tem todo o ano, os funcionários não estão conseguindo o que querem." A turma de Thaís, de 110 alunos, está há 20 dias freqüentando apenas a aula de epidemiologia, duas vezes por semana. "Nos outros dias eu treino futebol e handebol e namoro."

Na segunda greve que enfrenta, ela diz que o problema é que as aulas de reposição vão tomar as férias. "No ano passado, os professores deram aulas na correria, nos prejudicando. Tivemos aula até 22 de dezembro e já estávamos cansados."

Por outro lado, na greve do ano anterior, os professores de bioquímica e biofísica deram aula todos os dias e adiantaram a matéria, terminando o curso mais cedo. Mas, ela ainda não sabe se esse ano será assim.

Segundo a Unifesp, as aulas do 1º e 2º anos de Enfermagem, Fonoaudiologia e Medicina continuam irregulares. Os demais anos não pararam, estão tendo aulas normais porque são aulas práticas.