Título: Tasso ao chefe da Caixa: 'Malandro'
Autor: Rosa Costa e Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2005, Nacional, p. A11

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) repreendeu duramente ontem o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, na CPI dos Bingos. Chamou Mattoso de "malandro", por considerar que ele respondeu de forma debochada a uma pergunta sobre a qualificação dos servidores que negociaram com a multinacional Gtech a renovação do contrato para operação das loterias. A renovação foi negociada pelo ex-vice-presidente Paulo Bretas e pelo assessor da presidência Carlos Silveira. "Tinham experiência na área financeira, no setor de jogos?", perguntou Tasso. Mattoso desconversou, alegando que iria mandar o currículo deles para o senador. "Imagino que eles jogavam, sim", completou, como se não tivesse entendido a indagação. "Eram jogadores de cassino?", questionou Tasso. Mattoso respondeu: "Não, imagino que jogavam nas loterias como todo mundo."

O senador retrucou: "O senhor vai me responder com respeito, perguntei se tinham alguma experiência porque fizeram os piores negócios para a Caixa. Achei que era inexperiência deles e do senhor, mas pela maneira como vossa senhoria está me respondendo, está me parecendo uma maneira de malandro." Mais na frente, atacou: "O senhor se comporte, fique quietinho, se limitando a responder."

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) tentou intervir, mas Tasso mandou que ela se calasse. "Peço ao presidente que desligue o microfone da senadora, a senhora não respeita nem os mortos", cobrou, referindo-se à citação feita pela petista de que o ex-senador tucano José Richa (PR) era lobista da Gtech.

O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), pediu aos colegas e a Mattoso que se contivessem. "Foi dirigida ao senhor uma pergunta séria e o senhor tentou desrespeitá-lo." Mattoso fez que entendeu, mas sem abandonar o tom de deboche dirigiu-se a Efraim: "Como é, então, que eu reajo?" Foi a vez de Efraim se manifestar: "O senhor não provoque, estou pedindo que responda com respeito aos senadores, seja ele do governo ou da oposição."

Mattoso respondeu então que os dois assessores são economistas. "Foi um trabalho extraordinário, foi o melhor negócio." Tasso retrucou: "Sim, foi o melhor do mundo para Gtech, tanto que obteve o maior lucro de sua história, graças ao negócio feito no Brasil."