Título: Virgílio consegue apoio e pede CPI do Caixa 2
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2005, Nacional, p. A12

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), protocolou ontem na secretaria da Mesa requerimento de abertura de uma CPI exclusiva sobre caixa 2 em campanhas eleitorais. O pedido tem 38 assinaturas, 11 a mais do que as necessárias para apresentá-lo. A iniciativa começou como reação do PSDB aos ataques do PT ao senador tucano Eduardo Azeredo (MG), que deixou a presidência do partido na terça-feira, depois de ser acusado de usar recursos de caixa 2 do empresário Marcos Valério em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, em 1998. "Três acareados admitiram dinheiro escuso na campanha do presidente Lula", disse Virgílio em discurso na tribuna, referindo-se a Valério, o ex-deputado do PL Valdemar Costa Neto e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, acareados na CPI do Mensalão. "Estou apresentando requerimento até para que as pessoas saibam que aqui não é o Senado do rabo preso. Quem for podre eleitoralmente, que se quebre."

Assim que Virgílio começou a falar, Azeredo deixou o plenário, aparentando constrangimento. Nesse momento, a senadora Ana Julia (PT-PA) pediu para assinar o requerimento de CPI, que até então tinha 37 signatários.

O PSDB, com o pedido dessa CPI, sai da defensiva e reage aos ataques contra Azeredo. Na avaliação de líderes tucanos, embora a nova comissão tenha o objetivo de analisar gastos de campanhas eleitorais desde 1998, as investigações atingiriam primeiro o PT, já que boa parte dos dados viria das CPIs dos Correios e do Mensalão, que já têm farto material a respeito de campanhas de petistas.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que não será obstáculo para a criação de mais uma CPI. "Vou adotar o mesmo procedimento que adotei em relação a outras CPIs e agirei assim em relação a todos os requerimentos que possam ser apresentados."

Preocupado com mais essa CPI e com o aumento da temperatura no Senado, o senador petista Tião Viana (AC) fez um prognóstico pessimista sobre a crise para colegas. "A continuar assim, será o fim de tudo", avaliou.