Título: Alckmin ajusta pacote de metas à agenda eleitoral
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2005, Nacional, p. A13

No momento em que o governo Lula patina na crise política e digere más notícias como a febre aftosa ou o relatório da ONU sobre direitos humanos, o governador Geraldo Alckmin faz, em São Paulo, um balanço otimista do andamento de suas realizações para 2005 e 2006. Apresentado ontem pelo secretário de Economia e Planejamento, Martus Tavares, esse balanço detalha o bom ritmo de execução financeira e de superação de entraves burocráticos de 47 projetos prioritários. Conclusão do secretário: o "gerenciamento intensivo", novo modo de gestão usado nesse pacote, vem sendo um sucesso. Em números: o governo paulista destinou cerca de R$ 4,5 bilhões no ano para esse pacote especial de metas - que inclui, por exemplo, o Rodoanel, o Instituto Dr. Arnaldo (antigo Hospital da Mulher), as linhas 2 e 4 do metrô, recuperação de matas ciliares e as obras de saneamento na Baixada Santista. A execução financeira deles (o pagamento final, feito quando não há mais qualquer obstáculo para sua conclusão) vem crescendo a cada mês. Em setembro, foram executados R$ 343,5 milhões - 44% do total no ano -, o que dá 75% mais que a média dos oito meses anteriores. Segundo o secretário, o ritmo crescente indica que as previsões do ano serão atendidas.

"É um novo paradigma de gestão", explica Tavares. "Essas 47 metas foram definidas em maio. Cada uma tem um objetivo, um prazo e um gerente exclusivo, em contato diário com o Planejamento". A idéia central, por trás d isso, é que as obras não param só por falta de dinheiro: elas naufragam em exigências da lei ambiental, nos embargos na justiça, na má comunicação entre áreas do governo e na burocracia para liberação de verbas já autorizadas.

Mas o que ele comemora, neste balanço, "não são números, mas melhoria de gestão". Segundo ele, nesses projetos o governo superou 50 marcos críticos nos últimos 30 dias. "É o que chamam de choque de gestão", afirma.

À pergunta sobre se isso já é a campanha presidencial do governador Geraldo Alckmin indo para as ruas, ele avisa: há obras antigas e outras iniciadas há pouco, algumas de longo prazo (Rodoanel, saneamento na Baixada) e outras permanentes (Ação Jovem, Renda Cidadã). Lembra, até, que a meta de maio era investir R$ 12,3 bilhões em 2006 e esse valor foi baixado para R$ 11,1 bilhões. Ele também não quis adiantar o prazo de entrega de obras em 2006 - se for candidato a presidente, o governador deixa o poder em março.

RECALL: O governador Geraldo Alckmin deu a entender ontem que ainda não aparece como forte candidato à Presidência porque as atuais pesquisas seriam apenas um recall da eleição de 2002. "O eleitor só decide o voto depois da parada de 7 de Setembro", disse em Porto Alegre, onde falou sobre redução de impostos e conceitos de eficiência para a gestão pública para 320 empresários.