Título: PT ataca FHC em rede nacional e ameaça pedir cassação de tucanos
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2005, Nacional, p. A15

Em rede nacional de rádio e TV, o PT comparou ontem ações do governo Lula e FHC. Acusou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de quebrar o País e abafar casos de corrupção. Hoje, os petistas podem sair do discurso à prática. Na primeira reunião do comando empossado no sábado, o PT decide o recrudescimento da ofensiva contra os partidos de oposição, em especial o PSDB. Na pauta, a apresentação dos pedidos de cassação dos mandatos do senador Eduardo Azeredo (MG), que acaba de se afastar da presidência do PSDB, e do deputado Custódio de Mattos (MG), ambos acusados de utilizar caixa 2 em campanhas eleitorais.

A cúpula do partido está dividida e o Planalto pressiona para evitar que o clima de guerra dificulte as votações no Congresso. 'Temos de ir para cima (da oposição)', afirma o secretário-geral adjunto, Joaquim Soriano.

'Vamos discutir como agir daqui para frente', afirmou o presidente Ricardo Berzoini, autor de alguns dos mais duros ataques ao PSDB. 'Governaram o Brasil por 8 anos, quebraram as contas públicas e agora querem voltar ao poder', discursou Berzoini ontem a mais de 600 sindicalistas durante ato de defesa do PT.

Ele acusou a oposição de fugir da comparação entre as administrações de Lula e de FHC, que na política externa, por exemplo, atuava como 'bajulador dos Estados Unidos'.

Em clima eleitoral, os sindicalistas lançaram manifesto de apoio à reeleição de Lula, cobraram mudanças na política econômica e a reaproximação do PT com os movimentos sociais.

'Vamos sair às ruas, não vamos ficar quietos diante do ataque a nosso projeto de construção da cidadania no Brasil', discursou Angelo D´Agostini, do Sindsaúde, que se filiou ontem ao PT ao lado de 220 outros dirigentes ligados à CUT, como o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopes Feijoó.

Berzoini prometeu aproximar o partido dos movimentos sociais. O manifesto assinado por 1.550 sindicalistas afirma que o 'engajamento militante' que marcou a história do PT foi 'lamentavelmente substituído pela profissionalização crescente da estrutura partidária, pela hipertrofia dos mandatos, parlamentares e até mesmo pela contratação generalizada de cabos eleitorais'.

Define ainda como 'urgente' a necessidade de 'articular alternativas mais consistentes de crescimento sustentado'.

Na reunião da executiva nacional, hoje, além da nova ofensiva contra a oposição, o PT deve decidir adiar o encontro que definirá o programa da reeleição de Lula.

Depois do sinal verde do presidente, na quarta-feira, Berzoini acertará com a executiva a preparação de um balanço do governo, base para o novo programa.

A cúpula petista ainda deve fechar um novo plano de redução de despesas. O trecho final do programa partidário exibido ontem dá o tom que deve prevalecer daqui em diante.

O narrador pede: o PT 'deve estar unido para enfrentar aqueles que não se conformam' com seu sucesso.