Título: Marinho:'Superávit maior é insanidade'
Autor: Ribamar Oliveira e Adriana Fernandes
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/10/2005, Economia & Negócios, p. B4

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, juntou-se ontem à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na luta contra o aumento do superávit primário para 5% do Produto Interno Bruto (PIB), medida defendida pela equipe econômica. "Minha posição é contrária ao aumento da meta de superávit fiscal para acima de 4,25% do PIB. Essa meta já está boa demais. Mais que isso é uma insanidade", afirmou, ao deixar a reunião do Conselho Curador do FGTS. A ministra Dilma Rousseff acha que a proposta de ajuste fiscal de longo prazo, apresentada pela equipe econômica na última quarta-feira, pode ser apenas "um truque" para elevar o superávit primário do setor público e aumentar os cortes dos gastos públicos. Segundo alta fonte do governo, a desconfiança de Dilma é um dos principais obstáculos para o encaminhamento da proposta. "Ela não quer nem ouvir falar em aumento do superávit", disse a fonte.

Durante a reunião da Câmara de Política Econômica, anteontem, os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e do Planejamento, Paulo Bernardo, procuraram mostrar para Dilma que o programa de ajuste fiscal de longo prazo poderá ser executado mantendo a meta de superávit primário de 4,25% do PIB. A equipe econômica ficou encarregada de fazer simulações para os próximos 10 anos, com relação ao comportamento da dívida pública e das taxas de juros, tendo como pressuposto o superávit de 4,25%.

Outra fonte informa que Dilma Rousseff expressa apenas a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, dois meses atrás, durante uma conversa com o ministro Palocci, reafirmou sua disposição de manter o superávit primário em 4,25% do PIB.

A elevação do superávit primário para 5%, como deseja a equipe econômica, enfrenta também resistências intransponíveis do próprio PT, como admitem os informantes. "Essa proposta provoca uma verdadeira revolta dentro do partido", disse um importante líder governista.

Além de Dilma e Marinho, o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, integra o grupo que se opõe ao aumento do esforço fiscal.