Título: Virgílio diz que sua família sofre ameaças
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Nacional, p. A4

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), pediu ontem à Mesa do Senado para que o Ministério da Justiça investigue o envolvimento de um ex-policial num esquema para chantageá-lo e ameaçar sua família, em Manaus. "Se alguma coisa acontecer com minha família eu seria capaz de bater na cara do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou de qualquer outra pessoa", disse Virgílio.

Em discurso, Virgílio contou que o ex-policial, cujo nome não foi identificado, teria oferecido R$ 100 mil a um sindicalista da Força Sindical para que fizesse uma espécie de dossiê com supostas denúncias de irregularidades envolvendo o líder tucano.

Virgílio disse que esse sindicalista, identificado apenas por Gil, contou ao deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) que recebeu a oferta para vasculhar sua vida. Na conversa entre o ex-policial e o sindicalista, o primeiro teria dito que, se não fosse levantada nenhuma denúncia contra o senador, partiria para ameaçar seus familiares.

O relato feito por Arthur Virgílio em plenário deu margem a um desentendimento com a senadora Sery Slhessarenko (PT-MT), que presidia a sessão. O líder tucano repreendeu a senadora porque ela estaria externando irritação com o relato. Virgílio pediu compostura à petista, porque ela estava presidindo a sessão. Segundo ele, a senadora "ficou fazendo caras e bocas", sinalizando irritação com seu relato.

Virgílio disse que caberá ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, definir se será necessário destacar policiais federais para fazer a segurança de seus familiares em Manaus. Um dos líderes mais críticos do governo Lula, Arthur Virgílio disse que, quando a família é atingida, não mede as conseqüências de seus atos. "Com família a gente não brinca. Sou tão preconceituoso com essa história de família que não fui capaz de explorar politicamente as denúncias de que uma empresa beneficiou uma empresa do filho do presidente Lula. Não abro mão de defender meus filhos. Imagina, tenho um filho que mora sozinho! Não posso aceitar nenhuma ameaça", disparou.

Presidindo a Mesa do Senado, o senador Tião Viana (PT-AC) disse que encaminhará a solicitação ao Ministério da Justiça. "Espero que encaminhe mesmo. Em outras vezes, a Mesa do Senado não fez os devidos encaminhamentos", protestou Virgílio.

O senador disse que vai a Manaus tentar identificar o ex-policial. Ele suspeita que o esquema do dossiê tenha sido armado pelo PT.