Título: CPI vai investigar bônus de agências de publicidade
Autor: Lisandra Paraguassú e Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2005, Nacional, p. A12

As agências de publicidade são o próximo alvo da CPI dos Correios. Uma auditoria nos contratos de publicidade do Banco do Brasil, feito por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), mostrou que as cinco agências que atenderam o banco desde março de 2005 podem ter embolsado R$ 94 milhões nas bonificações de volume - bônus concedidos pelos fornecedores na execução de serviços. O relator da CPI, Osmar Serraglio, agora ameaça quebrar o sigilo fiscal das agências. Três delas - Lowe, Grottera e DNA, a empresa do publicitário Marcos Valério - tiveram contratos de março de 2000 até setembro de 2003. A DNA renovou e manteve o contrato até julho deste ano. Além dela, começaram a trabalhar em 2003, e continuam, a Ogilvy e a D+.

A estimativa do TCU é que, no primeiro período, até setembro de 2003, a Lowe, a Grottera e a DNA embolsaram, juntas, R$ 50,5 milhões em bônus. No segundo período, de setembro de 2003 até hoje, a estimativa é que a DNA, Ogilvy e D+ já ficaram com R$ 43,7 milhões.

A conta é apenas uma estimativa, porque o TCU não teve acesso a todos os documentos e notas fiscais repassadas pelas agências aos fornecedores. A cada recebimento do bônus, as agências dão nota fiscal, mas o TCU só obteve algumas que comprovam o pagamento. Como o bônus normalmente representa no mínimo 10% e no máximo 30% do valor do contrato, o tribunal fez uma estimativa que considera conservadora.

A mineira DNA foi a que mais embolsou os bônus. No primeiro período, levou R$ 18,6 milhões, enquanto a Grottera ficou com R$ 16,4 milhões e a Lowe, com R$ 15,4 milhões.

No segundo período, a partir de setembro de 2003, a DNA - única agência que manteve o contrato - ficou com R$ 19, 2 milhões, a D+ com R$ 15 milhões e a Ogilvy, com R$ 9,6 milhões.

'VAZAMENTO '

O Banco do Brasil negou ontem, em nota oficial, que tenha tido qualquer prejuízo com as agências de propaganda. O BB também lamentou o que classificou de vazamento de informações prematuras, uma vez que o relatório não foi nem mesmo votado pelo plenário do tribunal.

A nota começa com a afirmação de que o banco "desconhece o conteúdo do relatório". Explica que, quando foi questionado pelo tribunal sobre o não pagamento de bônus, respondeu que desconhecia tal prática entre as agências de propaganda e os veículos de comunicação.

De acordo com o BB, o questionamento pelo TCU motivou consulta às suas agências de publicidade, que negaram a existência de pagamento do bônus.

Mesmo assim, segundo a nota, a Diretoria Jurídica vai avaliar possíveis providências.