Título: Lula é o presidente mais popular entre os latinos
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2005, Nacional, p. A12

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi apontado, numa pesquisa divulgada ontem pela revista inglesa The Economist, o presidente mais bem aceito pelo seu povo, entre os países da América Latina: ficou com a nota 5,8, à frente de Hugo Chávez, ao qual os venezuelanos, na mesma pesquisa, deram 4,9. A popularidade dos presidentes do continente é um dos itens pesquisados pelo instituto chileno Latinobarómetro, que faz esse trabalho anualmente para a revista inglesa, em 18 países da região. A revista decidiu incluir um não latino, George W. Bush, que ficou abaixo de Lula e Chávez, com 4,7. Na lista, o cubano Fidel Castro foi avaliado com a nota 4,3.

Uma outra tabela da pesquisa tenta apurar a proporção de pessoas que acham a democracia "preferível a qualquer outro tipo de governo" - e os dados, para os brasileiros, são desoladores. O índice chega a 76% na Venezuela, 78% no Uruguai, 64% na Argentina, e apenas 37% no Brasil. entre os 18 da lista, o País fica em 15.º lugar, à frente apenas de Paraguai, Honduras e Guatemala. Esse número foi menor ainda em 2001, quando não passou de 30%.

Na avaliação geral dos pesquisadores, os eleitores consultados não querem saber de uma volta à ditadura mas também não têm grande entusiasmo com o que lhes oferece a democracia. "Cerca de metade dos latino-americanos são democratas convictos, mas só um em cada três se diz satisfeito com o modo como esse regime funciona na prática", diz a revista. O entusiasmo com ele, hoje, é menor do que o detectado em 1996. Na comparação de poderes e instituições, a figura do presidente aparece, no cômputo geral, como a de maior prestígio. Pela ordem, vêm em seguida os militares, o Judiciário, o Congresso e os partidos.

Uma crescente maioria diz, segundo a revista, que a economia de mercado é o único meio de o país se desenvolver. "Os sentimentos em relação às privatizações vêm aumentando", acrescenta a reportagem. Na conclusão, a Economist adverte: "Construir democracias consolidadas em meio à pobreza, desigualdade e um legado de práticas antidemocráticas é uma longa, demorada tarefa."