Título: Ex-assessor recebeu R$ 300 mil de Valério
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/11/2005, Nacional, p. A8

Roberto Costa Pinho, do Ministério da Cultura, diz que Delúbio o autorizou a ficar com o dinheiro, mesmo sem prestar o serviço

O ex-assessor do Ministério da Cultura Roberto Costa Pinho disse ontem à CPI do Mensalão que foi contratado por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, para prestar assessoria política e por isso recebeu R$ 300 mil do publicitário Marcos Valério pelo Banco Rural, em Brasília. Pinho admitiu nunca ter prestado o serviço, mas jurou ter sido autorizado por Delúbio a ficar com o dinheiro. "Não existe um contrato assinado", disse Pinho. O ex-assessor do ministro Gilberto Gil teria recebido um telefonema da secretária de Delúbio no final de julho de 2003. "Ela disse que Delúbio queria marcar um encontro comigo no Hotel Blue Tree", contou. O hotel, um dos mais caros de Brasília, era ponto de encontro de petistas.

No encontro, Delúbio disse que havia sido instruído a propor a Pinho que fizesse uma consultoria de marketing político para a campanha municipal de 2004. Ele deveria fazer uma pesquisa em 25 municípios de médio porte, que deveria começar em 2004. Pinho pediu R$ 700 mil e a metade de adiantamento para começar o trabalho, com o que Delúbio teria concordado. Nunca foi feito um contrato oficial. No entanto, o pagamento começou em seguida.

"A partir de setembro recebi um telefonema da secretária de Delúbio dizendo para ir ao Banco Rural, procurar um funcionário e pegar a importância", contou. Pinho afirma que recebeu os R$ 300 mil em quatro parcelas, de setembro de 2003 a fevereiro de 2004, e não R$ 450 mil, como consta na lista de Valério.

Pinho diz que, depois da sua saída do Ministério da Cultura - foi exonerado em fevereiro de 2004 por suspeita de permitir irregularidades em contratos - entrou em depressão até outubro de 2004 e não teve condições de cumprir o contrato. Apesar disso, Delúbio não teria pedido o dinheiro de volta. "A secretária ligou, disse que ele sabia da minha doença e não faltariam oportunidades para eu prestar serviços ao PT",disse.