Título: Militar paraguaio é preso pela guarda de fronteira do Brasil
Autor: João Naves de Oliveira, Agnaldo Brito e José Anton
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2005, Economia & Negócios, p. B5

Ele acompanhava um grupo de técnicos do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa, que observa medidas de prevenção contra a doença; agência paraguaia classificou ação de "mal-entendido"

Autoridades brasileiras responsáveis pela vigilância da fronteira com o Paraguai prenderam um militar paraguaio e funcionários do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) na noite de sábado. Os técnicos observavam as medidas preventivas para evitar surto da doença no país vizinho. O incidente ocorreu perto da cidade de Salto Del Guaíra, no Departamento de Canindeyú, área limítrofe com Mato Grosso do Sul, onde há 11 focos confirmados de febre aftosa. O grupo de técnicos da Panaftosa, formado por argentinos, brasileiros, paraguaios, bolivianos e uruguaios, foi detido pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF).

O titular do Serviço Nacional de Qualidade e Saúde Animal (Senacsa), Hugo Corrales, afirmou à imprensa que a detenção temporária dos técnicos da Panaftosa foi um "mal-entendido", e que devido à tensão da região fronteiriça esses episódios podem voltar a se repetir.

Corrales, junto com os brasileiros que integravam a delegação da organização Panaftosa, passaram a madrugada na cidade brasileira de Mundo Novo, um dos cinco municípios da zona tampão criada pela agência de sanidade animal de Mato Grosso do Sul para o controle do foco de febre aftosa. O objetivo era liberar o militar paraguaio detido pelas autoridades do Brasil.

Nos últimos dias, as autoridades paraguaias ampliaram as barreiras sanitárias de Canindeyú para a região do Alto Paraná, limítrofe com o Estado brasileiro onde há quatro focos suspeitos de febre aftosa.

Na região de Canindeyú se registraram focos da doença em 2002, quando o governo brasileiro determinou ao Comando Militar do Oeste o deslocamento de tropas para a região de fronteira. As medidas de controle da doença no Paraguai surtiram efeito. O país recuperou este ano o status de zona livre de aftosa com vacinação e retomou as exportações de carne para vários mercados que haviam suspendido a compra do produto paraguaio.

As escaramuças entre Paraguai e Brasil têm se tornado mais constantes. Na última sexta-feira, 88 bois de Mato Grosso do Sul que estavam pastando em Cerro Cora-1 (Paraguai), foram apreendidos e abatidos num frigorífico paraguaio. A carne e os demais produtos das carcaças estão até hoje estocados e devem sem comercializados no país vizinho. Segundo o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Vegetal e Animal, João Crisóstomo Muad Cavalléro, a iniciativa não foi bem vista no Brasil. Ele lembrou que na sexta-feira passada, o Paraguai desrespeitou um acordo firmado com o Brasil, impedindo que técnicos da agência vistoriassem uma fazenda que ocupa terras paraguaias e brasileiras, expulsando os funcionários do local.

RESULTADO

O Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro), de Belém do Pará, deve concluir esta semana o exame que poderá confirmar a existência de quatro focos de febre aftosa no Estado do Paraná. São quatro fazendas onde há suspeitas de casos, localizadas nos municípios de Amaporã, Grandes Rios, Maringá e Loanda.

As suspeitas recaem, segundo informações do Ministério da Agricultura, sobre 4.171 bovinos e 137 ovinos. Destes, 21 animais apresentaram sintomas da febre aftosa.

EMBRIÃO

Um embrião da vaca nelore Betina, da fazenda Palmas, de Goiás, foi arrematado por R$ 426 mil no leilão promovido pela Agropecuária Albatroz, de Cambé, Norte do Paraná. O leilão foi realizado na noite de sexta-feira e, para driblar a proibição imposta pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento por causa da suspeita de febre aftosa no Estado, nenhum animal foi exposto no recinto: apenas suas imagens em vídeo foram transmitidas em telões.

Trinta embriões de matrizes pertencentes a 6 produtores de vários Estados foram ofertados e todos foram arrematados, totalizando cerca de R$ 3 milhões. Mais de 500 pessoas compareceram ao leilão. "O pecuarista deu uma demonstração de solidariedade comparecendo em peso ao leilão e comprando todos os lotes oferecidos", comentou o organizador, Oswaldo Pitol. Ele especializou-se em animais de alta linhagem na raça nelore e recentemente promoveu um leilão a bordo de um transatlântico de luxo. "Não era possível trazer os animais de outros Estados, por isso optamos por apresentá-los em telões", explicou.