Título: Cai oferta de boi gordo para abate
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2005, Economia & Negócios, p. B16

Os frigoríficos negam, mas enfrentam neste momento queda na oferta de boi gordo para abate. A situação é pior em São Paulo e Mato Grosso do Sul. O setor está com problemas para completar as escalas de abate diárias de 800 ou mil animais e operam, em alguns casos, com volumes inferiores a 50% da capacidade industrial.

A situação se complicou com os focos de febre aftosa que surgiram na região sul de Mato Grosso do Sul e com as suspeitas da doença no Paraná. Esses Estados estão proibidos de movimentar animais. Mas segundo produtores ouvidos pelo Estado, o motivo está também no crescimento dos abates de animais prontos nos últimos dois anos. A descapitalização do setor forçou os produtores a aumentar a venda de animais.

Isso explica o aumento generalizado no preço da carne bovina em São Paulo. Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra elevação de 8,4% no preço do produto na terceira semana de outubro.

Para Nabhan Garcia, pecuarista e presidente da União Democrática Ruralista (UDR), a falta de animais prontos para o abate deve perdurar por mais 60 dias. O período de chuvas ajudará a recuperar o pasto. "Os frigoríficos alegam que conseguem as escalas de abate. Isso é falso. Há pouco boi pronto no mercado", diz Garcia.

A reportagem conversou ontem com um comprador autônomo de boi gordo da região de Presidente Prudente, que não quis se identificar. Ele afirmou que não consegue neste momento animais para os frigoríficos que atende. "Alguns frigoríficos interromperam neste semana a produção por falta de bois. Quando conseguem operar, trabalham com volume inferiores a capacidade de abate", disse.

O Friboi, maior frigorífico do País, deu outra explicação para a redução dos abates. Segundo Artemio Listoni, diretor de Originação do frigorífico, a empresa transferiu a produção para exportação dos dois Estados para Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Minas. "São Paulo e Mato Grosso do Sul concentram-se agora no atendimento do mercado interno. Por isso, houve uma redução dos abates", afirmou. A unidade para abate em Mato Grosso do Sul produz 20% menos neste momento e os dois frigoríficos paulistas reduziram a produção entre 20% e 30%.