Título: Negroponte fixa regras para o Brasil ter o laptop de US$ 100
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2005, Economia & Negócios, p. B20

O governo brasileiro tem até o primeiro trimestre de 2006 para firmar o compromisso de participação no programa "One Laptop per Child" (OLPC), ou "Um Laptop por Criança", que distribuirá laptops para crianças carentes de escolas públicas de cinco países em desenvolvimento a partir do ano que vem. O programa foi idealizado pelo professor Nicholas Negroponte, do Media Lab do Massachusetts Institute of Technology (MIT), com o objetivo de criar um laptop de US$ 100 que será distribuído gratuitamente a estudantes de escolas públicas. De acordo com Negroponte, que participou de uma conferência realizada ontem em São Paulo, caso o País não firme um compromisso de comprar um milhão de unidades do computador no início do ano, ficará de fora do projeto. "Temos mais de 50 países interessados em participar e, caso o Brasil não chegue a uma definição, pode ser substituído pela Colômbia, por exemplo. Há interesse suficiente no resto do mundo e flexibilidade no programa para que passemos para outro país", disse.

Ele, no entanto, ressaltou que o Brasil é o país perfeito para o projeto e é uma prioridade no lançamento. "Acho que apenas a Tailândia mostrou mais entusiasmo que o Brasil, mesmo porque o primeiro ministro é meu amigo", disse.

"Tenho muita afinidade com o Brasil e fiquei muito impressionado com o encontro que tive com o presidente Lula em junho. O problema é que três dos quatro ministros que participaram da reunião não estão mais no cargo, entre eles o da Educação, que teve a reação mais entusiasmada." Além do Brasil e Tailândia, China, Egito e Nigéria estão previstos como os lançadores do programa.

Negroponte espera divulgar o modelo de trabalho do programa no dia 17 de novembro. Os primeiros protótipos do computador deverão estar disponíveis no primeiro e segundo trimestre de 2006. Até o final do ano deverão ser distribuídos entre 5 milhões e 15 milhões de computadores. O objetivo é bater entre 100 milhões e 150 milhões de unidades até o fim de 2007.

Por enquanto, o grande desafio de Negroponte tem sido reduzir o preço dos displays, ou telas, do novo computador, a peça mais cara do equipamento. A redução do custo dos demais componentes é mais simples. "Os computadores de hoje sofrem de uma obesidade de dispositivos e acessórios." Outra grande fonte de economia seriam os gastos com marketing e distribuição do computador que, segundo ele, respondem hoje por 50% do custo de um laptop.

"Estamos negociando com as empresas fabricantes. Uma de nossas grandes vantagens é a escala do projeto. Nossa idéia é produzir uma tela menor, que não tenha uma definição tão grande quanto as atuais. Muitos fabricantes que haviam se negado a produzir esse tipo de produto voltaram atrás quando souberam que poderiam produzir 100 milhões de equipamentos", disse.

De acordo com Negroponte, na primeira etapa de lançamento, o computador deve ser fabricado em uma única empresa. O diretor do Media Lab disse que está mantendo contato com fábricas na China, em Taiwan e na Coréia do Sul.