Título: Economista quer novas regras para consignado
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2005, Economia & Negócios, p. B1

Para o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, os critérios de concessão dos empréstimos consignados, com a possibilidade de comprometer até 30% da renda mensal e os prazos longos de até 36 vezes são liberais demais. Esses critérios abrem brechas para o aumento da inadimplência em outras linhas de financiamento de quem assume um empréstimo consignado.

Segundo Solimeo, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, tirando os gastos compulsórios, como alimentação, habitação, transporte, entre outros, sobram menos de 10% da renda disponível para outros compromissos financeiros nas camadas mais baixas, que recebem até cinco salário mínimos por mês (R$ 1,5 mil).

¿Acho que os limites de comprometimento da renda e os prazos para a aprovação do crédito consignado devem ser proporcionais à faixa de renda do tomador do empréstimo¿, propõe o economista.

Os números da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev)mostram que, em 15 meses de operação, até o início de outubro, os empréstimos consignados a aposentados e pensionistas somam quase R$ 10 bilhões, com quase 5 milhões de contatos fechados. As taxas de juros são de 1% ao mês, para prazos mais curtos, de 6 meses, e vão até 3,9%, para os mais longos, segundo dados disponíveis no site da Previdência Social.

Os aposentados e pensionistas optam por prazos mais longos. De acordo com as estatísticas da Dataprev, 63,3% dos contratos fechados até hoje oscilam entre 31 e 36 meses. Outro dado relevante que reforça o risco de inadimplência em outras linhas de crédito é o fato de quase 50% das operações de crédito consignado a aposentados e pensionistas aprovado até hoje estão concentrados na faixa de benefício de até um salário mínimo. Fábio Pina, assessor da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, diz que esse é um problema sério porque a renda média não acompanha o endividamento.