Título: Vigilância interdita pousada no Rio
Autor: Bruno Lousada
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/10/2005, Vida&, p. A25

RIO - A Vigilância Sanitária do Estado do Rio e a Secretaria de Saúde de Petrópolis interditaram ontem, de forma preventiva, a pousada Capim Limão, em Itaipava, na região serrana do Rio, onde foram registrados três casos suspeitos de febre maculosa, doença transmitida por carrapatos. Uma das vítimas, o jornalista Roberto Moura, morreu na última quarta-feira. O estabelecimento só poderá receber hóspedes depois que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgar o resultado dos exames com as amostras da pessoas que podem ter contraído a doença. Gerente da pousada, Hiroshi Katsumoto contou, por telefone, que a vistoria feita pelos órgãos de saúde não detectou nenhum foco de infestação de carrapatos no local. ¿Não tenho animal na pousada nem deixo entrar. Como há foco aqui? Se fosse assim, os funcionários seriam os primeiros a serem contaminados¿, disse, contando que 16 hóspedes deixariam a pousada hoje. Além disso, seis pessoas que haviam feito reserva ligaram para desistir da hospedagem.

As áreas de vigilância em saúde do Rio e de Petrópolis realizaram ontem uma reunião, que se estendeu por todo o dia, para decidir os próximos passos relativos ao controle epidemiológico e sanitário. A partir de hoje, pessoas que desejem tirar dúvidas sobre a doença, assim como hóspedes que estiveram no local recentemente, podem ligar para (0xx24) 2221-6262, entre 8 e 17 horas.

Roberto Moura morreu de falência múltipla de órgãos provocada, segundo o diagnóstico na ocasião, por dengue hemorrágica. Amostras de sangue do jornalista estão sendo novamente examinadas, na Fiocruz, para verificar a possível contaminação pelo o microorganismo causador da febre maculosa. Outras duas supostas vítimas da doença, um professor aposentado de 62 anos, cujo nome não foi revelado, e o superintendente de Vigilância Sanitária do Rio, Fernando Villas Bôas Filho, de 41 anos, permaneciam ontem internados em estado grave na UTI de dois hospitais do Rio.

As pessoas suspeitas de terem contraído a febre maculosa passaram pela pousada no período de 1º a 22 deste mês, como informou a Secretaria Estadual de Saúde. Serão feitos exames em outros hóspedes e nos funcionários, que, até agora, não apresentaram nenhum dos sintomas da doença, que se assemelham aos de dengue hemorrágica e de meningite.

Depois do contágio, as pessoas apresentam febre alta, dor do corpo e pintas vermelhas que se espalham pela pele. O gerente da pousada Capim Limão disse que jamais detectou infestação por carrapatos na área. ¿A gente está vivendo um caos. Pessoas já foram embora, outras vão sair e ainda há aqueles que querem reembolso¿, contou Katsumoto. Ele acredita que os hóspedes suspeitos de terem contraído a doença podem ter sido infectados em passeios na região. ¿Ninguém fica 24 horas dentro da pousada. Elas saem¿, disse.