Título: Em prantos, deputado festeja 'resgate moral'
Autor: Denise Madueno, Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2005, Nacional, p. A15

No fim da sessão que recomendou sua absolvição, chorando muito, Sandro Mabel (PL-GO) disse que dificilmente vai recuperar o "estrago" em sua carreira política, mas que estava feliz pela "recuperação moral". "É um linchamento. Eu andava de peito aberto e, de repente, tenho que andar de cabeça baixa. É um martírio. Tinha planos de ser governador de meu Estado. Acabou a chance. Mas o que importa é o resgate moral", agradeceu Mabel dirigindo-se aos conselheiros. Ao deixar o Conselho de Ética, Mabel revelou a primeira coisa a fazer: "Rezar". Embora insista que não cometeu os crimes de corrupção que lhe foram atribuídos, Mabel não se incomodou que o motivo de sua absolvição tenha sido a falta de provas e não a convicção dos conselheiros de que fosse realmente inocente. "Quando não existe uma prova, existe uma inocência", afirmou.

Agora, sua luta será pela aprovação do parecer no plenário da Câmara. "Acho que o plenário vai levar em consideração os 14 votos a zero (placar da aprovação na sessão de ontem) depois de uma investigação de três meses. O mensalão é uma propriedade intelectual do Roberto Jefferson, não existe. E a deputada Raquel Teixeira me acusa, mas depois da proposta que ela diz ter sido feita por mim, continuou a conviver comigo normalmente, foi à festa da minha eleição como líder do PL, jamais se comportou como uma pessoa indignada", defendeu-se Mabel.

Embora tenha garantido que não falava do deputado José Dirceu (PT-SP), que tem insistido em recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF), Mabel e seu advogado, Marcelo Bessa, lembraram várias vezes que jamais questionaram qualquer procedimento do Conselho de Ética durante a investigação e não recorreram nem a outras instâncias da Câmara nem ao Judiciário.

"Em nenhum momento requeremos qualquer procedimento protelatório e a todo momento estivemos à disposição do conselho. Não queremos ensinar o conselho a julgar", disse Bessa. "Nunca procurei enfrentar o conselho. Mas não critico o deputado José Dirceu. Ele está agindo dentro do que a Justiça permite. José Dirceu é uma simbologia, prega-se que ele sabia de tudo. No meu caso, há uma acusação sem procedência."