Título: Igreja intensificará ações pela reforma agrária
Autor: Roldão Arruda
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2005, Nacional, p. A9

A situação social do País não mudou durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com representantes de movimentos sociais que se reuniram em Brasília na semana passada, na Assembléia Popular - Mutirão por um Novo Brasil. Em documento divulgado no fim de semana, eles não citam diretamente Luiz Inácio Lula da Silva, mas traçam um quadro desalentador. De acordo com o texto, o processo de concentração de renda continua, a reforma agrária não avança, a fome "ainda é uma vergonhosa realidade" e o acesso à saúde permanece "restrito a poucos, por falta de investimento públicos".

A assembléia foi organizada por movimentos sociais ligados à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o apoio do Movimento dos Sem-Terra (MST) e da Via Campesina. No documento final, eles afirmam que o único caminho para provocar uma mudança "nesse quadro de enormes injustiças e desse conjunto de políticas contrárias às necessidades do povo" é o da mobilização popular. Anunciam uma série de manifestações de âmbito nacional para o primeiro semestre do ano que vem em defesa da valorização do salário mínimo e da reforma agrária. De acordo com os movimentos, Lula não cumpriu nenhuma das promessas que fez a respeito da redistribuição de terras.

De acordo com o texto, o atual modelo agrário "mantém e aumenta a concentração de renda" em busca de "dólares para pagar os encargos da dívida externa".

Ao comentar o documento, o presidente da Sociedade Rural Brasileira, João de Almeida Sampaio Filho, disse que os autores perderam o norte: "Nem reconhecem os poucos méritos do governo, como o aumento dos investimentos no crédito rural e na assistência aos pequenos produtores. Atacam o agronegócio que gera empregos e traz dólares, ao mesmo tempo que defendem um modelo ultrapassado de reforma."