Título: Bush perde confiança na equipe
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2005, Inetrnacional, p. A12

WASHINGTON - O indiciamento do chefe de gabinete do vice-presidente americano, Dick Cheney, e o possível envolvimento de outros assessores do governo no caso da revelação da identidade de uma agente secreta da CIA devem deixar marcas profundas na Casa Branca. Segundo a edição da revista Time que chegou ontem às bancas dos EUA, a confiança do presidente George W. Bush em seus principais conselheiros - incluindo Cheney - está em queda livre. Citando "um alto funcionário da Casa Branca", a revista destaca que Bush já não confia totalmente em três das pessoas que mais ouvia: Cheney, o assessor político Karl Rove e o chefe do gabinete presidencial, Andrew Card. A revista sugere que Bush tem manejado os últimos problemas num ambiente mais ou menos típico dos presidentes em segundo mandato: de equipes cansadas, idéias emperradas e com as fumaças do poder cada vez mais tóxicas.

A confiança em Cheney, que foi também conselheiro do George Bush pai durante sua presidência, ficou abalada com o indiciamento - seguido da renúncia - de I. Lewis Scooter Libby no caso do vazamento para a imprensa da agente da CIA Valerie Plame. O mesmo caso envolve Rove, ainda sob investigação do júri de instrução chefiado pelo promotor federal Patrick Fitzgerald. Já Card teve o prestígio reduzido por causa da reação da Casa Branca à passagem do furacão Katrina, no fim de agosto, e, principalmente, na atuação dele no episódio da nomeação e posterior desistência da advogada Harriet Miers para o cargo de juíza da Suprema Corte.

"Todas as relações pessoais do presidente, exceto a dele com a primeira-dama Laura Bush, foram abaladas recentemente", disse um funcionário à revista. A única assessora importante da Casa Branca que não perdeu prestígio com Bush é a secretária de Estado, Condoleezza Rice - que não lhe pode ser muito útil em termos de política interna.

"Bush valoriza acima de tudo a lealdade", prossegue a fonte da Time. E os principais conselheiros do presidente não se destacaram pela boa atuação na última semana, qualificada de "infernal" pela revista.

EXIGÊNCIA DE DESCULPAS

O líder democrata no Senado, Harry Reid, disse ontem que Bush e Cheney devem desculpas ao país pelas ações de seus assessores Rove e Libby no caso de vazamento de informações. Ele acrescentou que Rove deveria renunciar ou ser demitido por seu envolvimento no caso.