Título: Índia: grupo assume atentados
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Fonte: O Estado de São Paulo, 31/10/2005, Internacional, p. A14

O grupo que reivindicou a autoria dos atentados de sábado em Nova Délhi, cujo balanço se eleva a pelo menos 61 mortos e 188 feridos, ameaçou ontem perpetrar novos ataques na Índia, caso o país não retire suas tropas da Caxemira. A organização Inquilab (Revolução) foi criada em 1996 e está vinculada ao Lashkar-e-Taiba (Exército dos Justos), que, por sua vez, tem ligações com a rede terrorista Al-Qaeda. A reivindicação foi recebida com reservas pelas autoridades da Índia. Um homem dizendo-se representante da Inquilab, um dos três principais grupos islâmicos que combatem as tropas indianas na Caxemira, telefonou para várias redações de jornais e emissoras de rádio e TV afirmando que membros do grupo foram responsáveis pelas explosões. No sábado, três bombas explodiram em menos de meia hora em um ônibus e nos mercados populares de Sarojini Nagar e Paharganj.

A polícia indiana deteve 22 pessoas entre sábado e ontem e as forças de segurança mantêm Nova Délhi em estado de alerta. Segundo algumas testemunhas, o número de mortos poderia ter sido maior se o motorista do ônibus não tivesse pedido aos passageiros que saíssem do veículo ao perceber que havia um pacote suspeito - o que evitou que a terceira bomba causasse vítimas. A maior parte das mortes ocorreu em Sarojini porque a bomba, colocada aparentemente dentro de uma mala, explodiu perto de uma estufa de gás, multiplicando a força da explosão.

Os investigadores ainda não tinham identificado ontem o tipo de explosivo utilizado no ataque, desfechado durante as celebrações de uma festa religiosa hindu. Embora a região próxima aos dois mercados concentre grande quantidade de hotéis para turistas estrangeiros, aparentemente todos os mortos nas explosões eram indianos.

Após uma reunião ministerial de emergência, o ministro do Interior, Shivraj Patil, afirmou haver "muitas pistas", mas disse que a prioridade é a ajuda às vítimas. Especialistas atribuíram os atentados aos avanços do processo de paz entre Índia e Paquistão (ler ao lado). No dia seguinte à seqüência de ataques, as precauções de segurança foram reforçadas em aeroportos, mercados, no metrô e em estações de trem e ônibus da capital indiana, enquanto as outras grandes cidades, Mumbai e Calcutá, também estão em alerta.