Título: Cúpula da OMC terá recorde de brasileiros
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2005, Economia & Negócios, p. B4

O futuro do comércio mundial e as condições da inserção do Brasil na globalização nunca interessaram tanto a sociedade brasileira como atualmente. Prova disso é que o País terá 23 organizações não-governamentais (ONGs) e entidades de empresários na reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Hong Kong, em dezembro. Nunca, na história das reuniões ministeriais da entidade, tantos brasileiros estiveram presentes. O encontro servirá para definir o ritmo de abertura dos mercados agrícolas, de produtos industriais e de serviços, como financeiro e de telecomunicações. As negociações, porém, estão bloqueadas e já se fala até em um colapso no processo.

Do lado patronal, estarão entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e a Sociedade Rural. Representando os trabalhadores estarão a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Entre as ONGs estão a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), Teerazul, além do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor ou o Instituto de Estudos Socioeconômicos.

Há dois anos, a participação brasileira já foi elevada, com 18 entidades e ONGs presentes na fracassada reunião de Cancún. Mas nos anos anteriores a participação não passava de três ou quatro entidades.

Apesar do aumento da participação brasileira, o número de representantes do País é pequeno na comparação com o número de entidades americanas. No total, serão mais de 230 entidades dos Estados Unidos, uma delegação dez vezes maior que a brasileira. Algumas levarão interesses bem específicos, como as associações de seguradoras, de professores, de plantadores de batata ou da indústria aeroespacial.

Estarão ainda presentes inúmeras entidades britânicas, canadenses e francesas. Entre os países emergentes, China, Índia e África do Sul prometem enviar seus representantes, mas ainda assim em número inferior à delegação brasileira.

Temendo ondas de violência, o governo de Hong Kong afirma estar preparado para conter manifestantes e promete ser duro nas fronteiras. As passeatas, porém, poderão ocorrer, mas apenas em dois lugares designados pelos organizadores do evento. Cerca de 10 mil ativistas estão sendo esperados pelo governo de Hong Kong.