Título: Até agora, PR está livre de aftosa
Autor: Agnaldo Brito e Evandro Fadel
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2005, Economia & Negócios, p. B6
O Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Belém, onde é feito o diagnóstico sobre a febre aftosa no País, informou ontem que até o momento não há indícios da doença no Estado do Paraná. O laboratório recebeu 30 materiais coletados de 19 animais com sintomas, de 4 fazendas interditadas no Estado, e já fez ao menos uma análise em 10 materiais. A partir de hoje, o laboratório inicia o trabalho nos 20 materiais restantes. Se o governo paranaense não enviar mais nenhum material, o Lanagro conclui até quarta-feira próxima todas as análises (com provas e contraprovas). Só então emitirá um laudo definitivo.
Embora nenhum vírus tenha sido isolado até agora, nem o Lanagro, nem o Departamento de Saúde Animal da Secretária de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, podem afirmar com segurança total que não há aftosa no Paraná.
"Provar que há foco é muito mais fácil do que provar que não há a doença", disse o diretor do Departamento de Saúde Animal do ministério, Jorge Caetano.
O próprio ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse há alguns dias, em encontro em São Paulo, que admite a possibilidade de o Paraná não ter o foco. Na semana passada, pecuaristas paranaenses questionaram a existência da doença no Estado.
Técnicos do Lanagro criticaram a qualidade do material coletado em campo no Paraná. Outro problema foi o pequeno número de lesões de onde foram retirados os materiais. "Muito diferente de Mato Grosso do Sul, que tinha animais com fortes sintomas da aftosa, o que facilitou a coleta de material", disse um técnico. Neste caso, a presença do vírus nas lesões era maior. Em poucas horas, o vírus foi isolado.
"ALEGRIA"
O secretário paranaense da Agricultura, Orlando Pessuti, comemorou os resultados preliminares dos exames feitos pelo Lanagro.
"É uma manifestação que recebemos com muita alegria, mas os resultados ainda são preliminares e não conclusivos", salientou Pessuti. Ele deu a largada na campanha de vacinação numa propriedade da Colônia Avencal, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
Novos materiais dos animais foram pedidos pelo Lanagro. A secretaria decidiu sacrificar um deles, que estava no Centro de Ensino Superior de Maringá, e enviar os órgãos.
"Se estavam reclamando que o material era insuficiente, agora não podem mais", disse o diretor-geral da secretaria, Newton Pohl Ribas.
Os exames realizados até agora e que não chegaram a ser conclusivos para aftosa foram os sorológicos Elisa 3ABC e o reagente EITB. Agora serão analisadas secreções do esôfago e da faringe, onde o vírus sobreviver até dois anos.
Segundo Pessuti, não foi possível determinar se algumas reações positivas nos resultados dos exames são em função da doença ou de vacinas.
"Torcemos e acreditamos que podemos não ter aftosa e restabelecer a liberdade comercial", acentuou. A expectativa do governo do Estado é que os resultados definitivos possam ficar prontos até o fim da semana.
DEMORA
Ao mesmo tempo em que comemorava a notícia, Pessuti lamentou não ter sido informado antes. Segundo ele, o laudo ficou pronto no dia 27, mas somente na noite de segunda-feira foi enviado um fax à secretaria, que ele recebeu na manhã de ontem.
"Ficamos chateados porque nós estivemos em Brasília no dia 27 com o ministro (Roberto Rodrigues). Dias 28, 29, 30 e 31, percorremos o Estado e em todos os momentos que éramos questionados, dizíamos que o resultado ainda não existia. Mas o resultado, ainda que preliminar, existia", reclamou.
"Lamentamos a demora em nos comunicar e esperamos que nos próximos resultados o Ministério da Agricultura possa nos informar com mais presteza. E também ao próprio ministro, que nesta segunda-feira, ao dar entrevistas, disse que não tinha conhecimento de nenhum resultado." Em 2004, o Paraná vacinou 98,8% de seu gado (9.968.523 cabeças). Para este ano, a meta é vacinar todas as 10,2 milhões de cabeças.