Título: Comissão deve propor indiciamento de Gushiken
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Nacional, p. A6

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), admitiu ontem que poderá propor, em seu relatório final, o indiciamento do ex-ministro Luiz Gushiken, que centralizou as contas de publicidade das empresas estatais durante sua passagem pela Secretaria de Comunicação de Governo. "Se for o caso, nós o responsabilizaremos. Não afastamos essa hipótese e estamos analisando as responsabilidades civil, criminal e administrativa de cada um dos envolvidos", afirmou Serraglio, logo após anunciar a descoberta de que R$ 10 milhões do valerioduto vieram do Banco do Brasil. Em sua avaliação, Gushiken poderá sofrer algum tipo de punição, caso fique comprovado que o ex-ministro tinha conhecimento do esquema descoberto pela CPI dos Correios no caso Visanet/BB. Além disso, Serraglio acredita que outras estatais tenham usado o mesmo método para repassar recursos para o empresário Marcos Valério, apontado como operador do caixa dois para o PT. "É claro que pode ter outras estatais envolvidas no mesmo esquema", disse Serraglio. Ele afirmou que, em seu relatório final, vai responsabilizar "pessoas do governo" pelo esquema.

Mas apesar de o dinheiro de Valério ter ido para o PT, Serraglio disse que não pretende propor nenhuma espécie de punição para o partido.

"Todos poderão ser punidos e os culpados serão apontados. Mas são pessoas e não o partido", observou. No relatório final, Serraglio pretende apontar os crimes de cada um dos envolvidos no escândalo - como lavagem de dinheiro, formação da quadrilha, prevaricação, peculato e corrupção ativa e passiva. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares deverá ser indiciado por corrupção e tráfico de influência, apenas no que se refere ao caso do Banco do Brasil/Visanet. Já o ex-diretor de Marketing do BB Henrique Pizzolato, que teria beneficiado a empresa de publicidade de Marcos Valério na propaganda da Visanet, poderá responder por peculato (uso de dinheiro público). Marcos Valério deverá ser indiciado por corrupção e também peculato. A CPI estuda convocar para depor, na semana que vem, funcionários do Banco do Brasil que autorizaram o pagamento antecipado de recursos da Visanet para a DNA Propaganda. Além de Pizzolato, deverão ser convocados Leo Batista dos Santos, que era gerente de Divisão do BB, e Douglas Macedo, gerente executivo do banco.

Para o sub-relator adjunto da CPI dos Correios, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), os recursos de Marcos Valério não foram usados apenas para o caixa dois de partidos políticos e campanhas eleitorais. "A tese do caixa dois é do governo, mas não da CPI dos Correios."