Título: Relatório desmonta defesa do PT, diz Alckmin
Autor: Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Nacional, p. A7

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que a conclusão do relatório da CPI dos Correios, de que os empréstimos de Marcos Valério são uma farsa, é grave para o PT. "É muito grave porque (os empréstimos) foram a base de toda a defesa (do PT e dos envolvidos no escândalo)", destacou o governador, após inaugurar a 12.ª unidade do programa Farmácia Dose Certa, no Terminal São Mateus, na capital. Alckmin disse que, "apesar da atitude responsável que a oposição vem adotando em toda essa crise", não se pode confundir responsabilidade com impunidade. "Ninguém tem colocado lenha na fogueira e nem mencionado a questão do impeachment do presidente, mas a sociedade exige uma apuração rigorosa dos fatos e isso precisa ocorrer."

O governador disse que o processo de fiscalização é parte integrante do regime democrático. Ele cutucou o partido de Lula: "O PT é interessante... Passou a vida inteira jogando pedras e agora não gosta de ser fiscalizado ou criticado."

Ele lembrou que as denúncias dos escândalos não partiram da oposição, mas da base aliada do governo. Acentuou que a oposição tem "compromisso e responsabilidade com o País": "Temos o dever, enquanto oposição, de fiscalizar o governo. Num regime democrático, quem ganha deve governar bem e quem perde fiscaliza e propõe alternativas." Ao final ele disse que é preciso apurar a origem do dinheiro que abasteceu o valerioduto.

Questionado se as conclusões da CPI poderiam comprometer também o senador tucano Eduardo Azeredo (MG), por causa das ligações que manteve com Valério em sua campanha ao governo de Minas, em 1998, Alckmin desconversou: "Ele já se explicou e se afastou da presidência do PSDB para ficar à vontade para se defender e prestar contas à população."

ABISMADO

O prefeito José Serra soube da descoberta feita pela CPI dos Correios pelos jornalistas, depois de passar toda a manhã em compromissos externos da prefeitura. "Estou abismado", disse ele, de início. Depois, complementou suas observações: "Se for assim, evidentemente o quadro se complica mais ainda, porque o Banco do Brasil é uma empresa pública."

Serra negou que houvesse qualquer negociação do PSDB com o governo para aliviar as denúncias e voltou a cobrar que eventuais denúncias contra o PSDB sejam imediatamente divulgadas. "Se alguém tiver alguma coisa contra o PSDB, por favor, divulgue porque nós não estamos barganhando nada. Em vez de fazer ameaças veladas, que traga o problema a público."