Título: Para TCU, Infraero beneficiou petista
Autor: Diego Escosteguy
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Nacional, p. A8

Citada em relatório do Tribunal de Contas da União como beneficiária de contratos de publicidade irregulares com a Infraero, a Signo Comunicação tem boas relações políticas. Seu dono, Anderson Pires, foi dirigente do PT na Paraíba, sede da agência. Integrante do Campo Majoritário, tendência do deputado José Dirceu, Pires coordenou as campanhas petistas no Estado e em João Pessoa nas duas últimas eleições. No relatório à CPI dos Correios, os auditores revelam irregularidades na licitação em que a Signo desbancou 31 concorrentes e obteve parte do contrato de publicidade da Infraero. A Signo já recebeu pelo menos R$ 10 milhões, R$ 2,5 milhões a mais do que os pagamentos à Artplan, agência com que divide o contrato. O valor equivale a 4 vezes o gasto da estatal com publicidade em 2002, último ano do governo FHC.

O contrato foi assinado no dia 21 de junho de 2004. Logo depois, Pires ajudou a coordenar a campanha a prefeito de João Pessoa de Avenzoar Arruda (PT), que foi derrotado. "No início da campanha usávamos muito a estrutura da Signo", contou o publicitário Stalimir Vieira. "Pires é um ex-dirigente que desfruta de muita influência no partido." Avenzoar afirmou que não vê Pires "desde as eleições."

A assessoria da Infraero afirmou em nota que a licitação foi transparente e o fato de o dono da Signo ser ligado ao PT não influenciou na escolha. O Estado deixou recado para Pires, mas não houve retorno.

PORTAS ABERTAS

Em São Paulo, o presidente da Infraero, Carlos Wilson, disse que a estatal abrirá suas portas para qualquer investigação sobre supostas irregularidades. "Acho tudo normal e acho que tudo tem de ser apurado. Isso ainda está sob exame do TCU. Então nós vamos apresentar nossa justificativa." Ele prometeu disponibilizar todos os documentos, "tudo que o Ministério Público e o TCU precisarem."

Segundo Wilson, o aumento de gastos com publicidade entre 2002 e 2004 se justifica pelos novos projetos e reformas. "Não tem nenhum aeroporto, entre os 66 da Infraero que não tenha um projeto pequeno, médio ou grande na área social. Se isso for interpretado como má aplicação de recursos públicos, quero passar por mau administrador de recursos públicos."