Título: Mais 4 senadores se dizem vítimas de espionagem
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Nacional, p. A9

Mais quatro casos de suspeita de espionagem foram denunciados ontem no Senado. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) informou, em discurso, que seu escritório de São Paulo foi invadido na madrugada de quinta-feira. Outros três parlamentares, também em pronunciamento público, anunciaram ter sido vítimas de escuta telefônica: Álvaro Dias (PSDB-PR), Heloísa Helena (PSOL-AL) e Paulo Paim (PT-RS). Anteontem, o presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou ter descoberto grampos nos telefones de seu escritório e de sua casa em São Paulo. Na terça-feira, o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) também foi a público dizer que tinha certeza de que tinha sido grampeado e acusou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Tuma contou ontem que os invasores não levaram nenhum objeto de seu escritório. "Mexeram apenas em documentos." Ele não quis levantar suspeitas sobre a participação de algum governista no episódio: "Prefiro acreditar que existam interessados em promover um choque entre governo e situação."

Famosa por suas críticas ácidas ao governo, Heloísa Helena contou que chegou a telefonar para a Polícia Federal para dar todos seus números de telefone e pedir que, se a PF quisesse ouvir suas conversas particulares, providenciasse uma autorização da Justiça para que fosse grampeada.

Segundo Álvaro Dias, há um mês um funcionário da empresa Telepar lhe avisou que uma de suas linhas telefônicas, em sua casa no bairro de Água Verde, em Curitiba (PR), havia sido grampeada. Ele disse que não pediu providências da Polícia Federal por entender que novos grampos poderiam ser instalados pela própria PF. "Não quis que a PF mexesse nos meus telefones", limitou-se a dizer. Já Paulo Paim afirmou que foi "grampeado", mas não levantou suspeitas sobre quem poderia ser responsável pela prática criminosa.