Título: Serra aceita debate interno para definir candidato
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Nacional, p. A10

O prefeito de São Paulo, José Serra, disse que o debate eleitoral no PSDB não pode se restringir a tucanos de São Paulo e frisou que a escolha do candidato do partido à Presidência em 2006 deve ser feita "sem atropelos", baseada numa série de fatores, não apenas na posição nas pesquisas eleitorais. O governador Geraldo Alckmin disse que "o momento de escolha do candidato não é agora, mas no ano que vem". Anteontem, em Londres, o governador de Minas, Aécio Neves, reclamou que a disputa interna do PSDB não pode se limitar aos paulistas. Ele disse não ter "a obsessão que outras pessoas vêm demonstrando" e afirmou que seu papel é "evitar um fato consumado pelo atropelo, como aconteceu na eleição passada".

Esta semana os programas regionais de propaganda do PSDB deram generoso espaço a Alckmin e Serra, que apareceram em todos os Estados como únicos virtuais candidatos. Depois, o secretário-geral do PSDB, deputado Bismarck Maia (CE), afirmou que a disputa pela candidatura tucana à Presidência está hoje restrita a Alckmin e Serra.

Ontem, depois da reclamação de Aécio, Serra colocou panos quentes na questão. "Acho correto (o que Aécio disse), estou de acordo e não é outra a intenção dos dirigentes do PSDB. Não me chamou a atenção esse fato (as declarações do governador mineiro)", disse Serra, após assinar um contrato de parceria com a Infraero para a execução de obras no Aeroporto de Congonhas.

O prefeito, que é o presidenciável tucano em melhor posição nas pesquisas para 2006, afirmou também ser partidário de que a escolha do candidato seja pautada por vários critérios. "Pesquisa é fotografia do momento. É um critério, mas não é o único", salientou.

Para Serra, ao escolher o candidato, o partido deve considerar, também, "a capacidade de coordenação política, disponibilidade, acesso, enfim, uns cem fatores". Segundo o prefeito, esses critérios deverão ser fixados na próxima Convenção Nacional do PSDB, no dia 18.

HONRADO

Alckmin preferiu contornar as reclamações e realçar o elogio de Aécio, que lhe deu a condição de "candidato natural", lembrando que ele "está em fim de ciclo" - não pode ser candidato à reeleição. "Recebo este gesto de simpatia e de apreço de maneira muito honrosa, mas entendo que o momento de escolha do candidato não é agora, mas no ano que vem." Alckmin destacou que o governador mineiro "é um dos melhores do País e um dos candidatos à sucessão de Lula".