Título: Área plantada pode ser 5,7% menor
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Economia & Negócios, p. B1

O câmbio desfavorável às exportações, a queda dos preços agrícolas no mercado internacional e a quebra na safra passada levaram os agricultores a cortar investimentos. A nova safra, que começou a ser cultivada em setembro, terá área plantada entre 5,7% a 3,4% menor, segundo a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A queda atinge a principal cultura do País, a soja. Também houve redução no plantio de trigo, algodão e arroz. Em compensação, cresce o plantio de milho e feijão. No total, a área plantada da safra 2005/2006 ficará entre 46,083 milhões de hectares e 47,214 milhões de hectares, ante 48,878 milhões de hectares da safra passada. O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Luis Carlos Guedes Pinto, informou que a meteorologia indica que os próximos meses serão favoráveis às lavouras. "Se as condições climáticas forem normais, a produtividade das lavouras voltará aos níveis históricos. 2005 foi muito ruim em termos de produtividade." Por isso, apesar de a área plantada ser menor, a produção de grãos deverá ser de 121,5 milhões de toneladas a 124,9 milhões de toneladas, volume 7,1% a 10% maior do que o da safra passada.

No ano-safra anterior, a previsão inicial era de colheita de 131 milhões de toneladas, mas o clima adverso na Região Centro-Sul, principalmente no Rio Grande do Sul, reduziu esse volume para 113 milhões de toneladas. Com a quebra, calculou o secretário, os produtores perderam R$ 17 bilhões.

Esse dinheiro fez falta na hora do novo plantio, que explica a redução da área. De acordo com os números da Conab, a safra 2005/06 consumirá menos fertilizantes. No ano passado, o consumo de fertilizantes somou 22,8 milhões de toneladas. Entre janeiro e setembro de 2005, os produtores receberam 13,1 milhões de toneladas de fertilizante, 17,7% menos do que em igual período de 2004. "Para o total do ano, estimam-se 19 milhões de toneladas, 16,6% abaixo do volume entregue na safra 2004/05", informaram os técnicos. As vendas de agrotóxicos caíram 20% e de máquinas, 40%, informou Guedes Pinto. Ele também lembrou o menor uso de corretivos para o solo, insumo fundamental para as culturas do Centro-Oeste.

No caso da soja, principal produto agrícola do País, a área plantada deverá ficar entre 21,480 milhões de hectares e 22,177 milhões de hectares, abaixo dos 23,301 milhões de hectares na safra 2004/05. A queda ficará entre 1,820 milhão de hectares e 1,123 milhão de hectares. Mas, como o clima deve ajudar, a produção de soja foi estimada entre 56,694 milhões e 58,569 milhões de toneladas, 11% a 14,6% a mais ante a safra de soja do período anterior. Em termos absolutos, a produção deve crescer entre 5,604 milhões e 7,479 milhões de toneladas. "O desestímulo à cultura é atribuído às baixas cotações do produto nos mercados interno e externo, aliado à desvalorização cambial", avaliou o presidente da Conab, Jacinto Ferreira.

Parte da área anteriormente destinada a soja será ocupada com milho, na chamada rotação de culturas. A Conab estimou que o plantio de milho da safra 2005/06 ficará entre 12,365 milhões de hectares a 12,569 milhões de hectares. Em porcentual, a área deve crescer de 2,8% a 4,5%.

A produção total de milho deverá ficar entre 40,509 milhões de toneladas e 41,349 milhões de toneladas, ante 34,976 milhões de toneladas na safra anterior. Em volume, a previsão significa de 5,532 a 6,372 milhões de toneladas a mais.