Título: Centrais se unem por mínimo de R$ 400 e reajuste na tabela de IR
Autor: Marcelo Rehder
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Economia & Negócios, p. B5

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) defende a criação de um imposto de solidariedade sobre grandes fortunas destinado exclusivamente a uma política de valorização do salário mínimo. A proposta não tem o apoio das outras centrais, contrárias à criação de novos tributos. Pelo projeto, os patrimônios líquidos familiares a partir de R$ 2,4 milhões seriam taxados em 1,5% uma única vez. No Brasil, de acordo com a CUT, as 300 mil famílias mais ricas detém mais de 50% da riqueza pessoal do País. A incidência do imposto permitiria arrecadar R$ R$ 23,8 bilhões, conforme estudos do Departamento Intersindical de estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De acordo com João Felício, presidente da CUT, esses recursos seriam suficientes para financiar aumentos anuais de 9%, além da correção das perdas com a inflação, no salário mínimo por sete anos. "Durante esse período, se faria um debate sobre como continuaria essa política".

O projeto já foi encaminhado à Comissão Quadripartite para a Política de Fortalecimento do Salário Mínimo, em funcionamento no Ministério do Trabalho. A comissão é formada por empregadores, governo, trabalhadores da ativa e aposentados.

Marcelo Rehder As seis centrais sindicais do País resolveram unir forças para reivindicar do governo um aumento de R$ 100 no valor do salário mínimo, que passaria dos atuais R$ 300 para R$ 400, e o reajuste da tabela de correção do Imposto de Renda (IR) em 13% no ano que vem. A união de todas as centrais foi acertada ontem, em reunião de preparação das manifestações que as entidades programam para os próximos dias 28, 29 e 30, em Brasília.

A idéia é fazer uma marcha até Brasília, reunindo milhares de trabalhadores, líderes sindicais e representantes de movimentos sindicais, com saídas de diversos locais do País no dia 28. No dia 30, está prevista uma grande manifestação na capital federal em defesa da correção da tabela do IR e o aumento do salário mínimo. Nesses dias, o Congresso Nacional deverá apreciar o Orçamento da União para 2006.

"Se não fizermos pressão agora, como fizemos no ano passado, não adianta lutar pelo aumento no salário mínimo no ano que vem. O debate é agora, porque o Orçamento vai ser votado neste ano", diz João Felício, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

De acordo com Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, as centrais pretendem se reunir com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Paulo Bernardo (Planejamento) e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além de integrantes do governo, os sindicalistas querem conversar com os presidentes da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Além da CUT e da Força, participarão das manifestações a Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), a Social Democracia Sindical (SDS), a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGT) e a Central Autônoma de Trabalhadores (CAT).

Felício explicou que o salário mínimo de R$ 400 faz parte dos planos das centrais, que prevêem um aumento para R$ 572 até 2007, valor que garantiria o dobro do seu poder de compra do início do governo Lula, em 2003. Já o reajuste de 13% na tabela do IR serviria para zerar as perdas provocadas pela inflação no atual governo. Mas restariam ainda 39,5% referentes à inflação do governo FHC.