Título: Exportação por empresa cresce 86%
Autor: Nilson Brandão Junior
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Economia & Negócios, p. B6

O valor médio de exportação por empresa aumentou 86% entre 2002 e 2005 no País e deve fechar este ano no maior nível histórico. O resultado acompanha o crescimento das vendas externas no período, mas a média "por empresa" será ainda maior este ano, por conta de um problema: a queda do número de firmas exportadoras. Esse encolhimento aumentará a concentração de vendas por empresa, indica a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O valor exportado por empresa cresceu progressivamente. Em 2002, estava em US$ 3,468 milhões, na média. Este ano, o valor deverá fechar em US$ 6,444 milhões, com base em uma projeção de exportação total de US$ 116 bilhões, com participação de 18 mil empresas. O vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, estima que, pelo menos, 600 empresas deixarão de exportar este ano, a maioria de pequeno porte.

Em 2004, havia 18.608 empresas exportadoras. Castro lembra que os resultados recém-divulgados da balança comercial mostram que o número de exportadoras já encolheu em 610 firmas de janeiro a setembro. E reconhece que a queda na quantidade de exportadoras poderá ser ainda maior, mas não refez a projeção.

"Algumas empresas não estão saindo porque querem, é por causa do câmbio baixo", diz. Castro argumenta que as empresas de maior porte têm condição de suportar por mais tempo a queda de rentabilidade. Ele alerta, contudo, que mesmo algumas já dão sinais de perda de rentabilidade. "Quem é grande está se tornando maior e quem é pequeno está ficando menor ainda. O comércio exterior, infelizmente, está se tornando elitizado", diz Castro.

Entre 1995 e 2002, o valor médio exportado por empresa girou em torno de US$ 3,4 milhões. Em 1997, eram apenas 13.850 as empresas exportadoras. Outro estudo recente, da Fundação Centro de Comércio Exterior (Funcex), concluiu que 80% do "surto exportador" de 1998 a 2004 devem-se a empresas que já exportavam.

Para o diretor-geral da Funcex, Ricardo Markwald, a entrada de 4 mil empresas exportadoras a partir de 1998 foi positiva, mas não explica o "surto".

"Nesse sentido, não há grandes novidades na parte de demografia empresarial. Grandes empresas brasileiras ou multinacionais que já exportavam previamente são as que explicam, em grande medida, o salto exportador que o País teve", explica Markwald.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, as 40 maiores empresas exportadoras do País detinham 38,4% das vendas externas em 2000, fatia que pulou para 42,5% este ano.

Para o secretário-executivo do ministério, Ivan Ramalho, o peso de algumas grandes empresas na pauta exportadora subiu nos últimos anos, por causa do aumento das cotações de commodities. Os preços de produtos como minério de ferro e petróleo aumentaram e favoreceram as exportações de grandes grupos, como a Companhia Vale do Rio Doce e Petrobrás, entre outras empresas de produtos básicos.