Título: Venda de sementes piratas encolhe faturamento do setor
Autor: João Baumer
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2005, Economia & Negócios, p. B16

A descapitalização dos produtores deve reduzir também o faturamento do setor de sementes, segundo a avaliação de Ywao Miyamoto, presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). Na última safra, as sete culturas de maior consumo de sementes compraram no mercado formal 1,5 milhão de toneladas, o que garantiu um faturamento equivalente a R$ 4 bilhões. Este ano, Miyamoto afirma que a queda da área plantada e o crescimento das compras de sementes piratas deve reduzir o faturamento do setor. "Na safra passada, apenas 55% das sementes usadas pelos agricultores foram compradas de empresas formais, e a tendência é a situação piorar este ano", diz.

Embora inspire cuidados, o cenário ainda é ambíguo para milho e soja, culturas que juntas respondem por 75% do volume de sementes vendidas no Brasil anualmente.

No caso da soja, a área plantada deve cair. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área plantada com o produto na safra 2005/06 deverá ficar entre 21,480 milhões e 22,177 milhões de hectares. Na safra passada, o plantio atingiu 23,301 milhões de hectares. Mesmo assim, o presidente da Abrasem acredita que a venda de sementes de soja certificadas vai igualar 2004, quando foram negociadas 800 mil toneladas.

Miyamoto explica que a legalização das sementes transgênicas atraiu para o mercado formal vários produtores. Além disso, as empresas reduziram os preços da semente, que passaram de um valor médio de R$ 2,20 por quilo no ano passado, para R$ 1,50 por quilo este ano. "Mas, com isso, sacrificamos o nosso lucro", diz.

Já no caso das sementes de milho, os números preliminares de entrega de sementes ao produtor são positivos, segundo levantamento da Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS). De maio a setembro, os agricultores receberam 81.794 toneladas de sementes, um aumento de 16,5% sobre o ano passado. Na safra de verão do ano passado, os agricultores compraram 117.182 toneladas.

Se a tendência do aumento da área de milho vai prosseguir nos meses restantes, é outra questão. As cotações do cereal vêm caindo no atacado em plena entressafra, o que desestimula os produtores a plantar.