Título: CPI aprova convocação de secretário particular
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2005, Nacional, p. A9

A CPI dos Bingos aprovou ontem requerimento do senador Romeu Tuma (PFL-SP) convocando para depor Ademirson Ariosvaldo da Silva, secretário particular do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Ademirson e o economista Vladimir Poleto, que teria transportado a doação de US$ 3 milhões de Cuba para a campanha de Lula à Presidência, em 2002, trocaram pelo menos 1.434 ligações, de 23 de junho de 2003 a 30 de agosto de 2005. A revelação sobre a intensa troca de telefonemas foi feita pelo Estado na terça-feira. No balanço feito pela CPI, foram ao todo 51 horas de diálogos. Poleto, ex-funcionário da prefeitura de Ribeirão Preto, ligou 919 vezes para Ademirson e recebeu 515 ligações.

Desse total, 851 telefonemas foram feitos para Ademirson num celular da Presidência, habitualmente atendido pelo próprio ministro. Poleto também usou um outro celular, pertencente à Coordenação-Geral de Recursos Humanos e Logística do Ministério da Fazenda.

Na próxima semana, o governo tem uma nova batalha para enfrentar na CPI, com duas iniciativas que o Planalto tentou ao máximo evitar. Estão marcados para quarta-feira o depoimento do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, e a votação do requerimento de convocação do irmão do presidente Lula, Genival Inácio da Silva, o Vavá.

Metalúrgico aposentado, Vavá foi convocado por iniciativa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para falar de suas atividades como intermediador de negócios entre empresários e autoridades do governo. Tasso disse que Vavá faz "tráfico de influência".

De iniciativa do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), a convocação de Okamoto foi feita há cerca de dois meses. Governistas tentaram ao máximo adiá-la, mas ontem, cobrado pelos parlamentares, o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), marcou seu comparecimento para a quarta-feira.

Okamoto será cobrado sobre a operação, que ele mesmo admite, para quitar uma dívida de R$ 29 mil, decorrente de viagens feitas por familiares de Lula. A oposição suspeita que o dinheiro tenha ligação com o esquema de caixa 2 do partido, já que Okamoto não apresentou nenhum extrato ou depósito para confirmar a declaração.

Também ontem foi solicitada a transferência para a CPI dos dados bancários, fiscais e telefônicos do ex-secretário de Santo André Klinger de Oliveira Souza e dos registros dos cartões do empresário Ronan Maria Pinto.