Título: Lula abre o cofre e barra prorrogação de CPI
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/11/2005, Nacional, p. A10

Em uma operação bem-sucedida, comandada pelo presidente Lula e com participação de ministros e líderes aliados, o governo conseguiu impedir que que a CPI dos Correios seja prorrogada até 11 de abril. O Planalto conseguiu a retirada de 64 assinaturas de parlamentares do pedido de prorrogação. O prazo para mudanças no requerimento terminava à meia-noite e os oposicionistas foram apresentando à Mesa do Congresso novos nomes para substituir os que iam desistindo. Quase conseguiram: deram 20 novos nomes e precisavam de 21. Ao ser lido no plenário do Congresso, de manhã, o requerimento tinha 214 assinaturas de deputados. À meia-noite, estava com 150. Para que a CPI fosse prorrogada, eram necessárias as assinaturas de pelo menos 171 deputados e 27 senadores no requerimento. Os partidos campeões de retirada de nomes foram PMDB, com 23 deputados, PP, com 13, PTB, com 10, e PL e PSB com 4 cada um.

A oposição apresentou o requerimento de prorrogação na quarta-feira, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acabou adiando a leitura para ontem, o que deu mais tempo ao governo para tentar reverter a situação.

Logo cedo, líderes aliados entraram em ação tentando convencer deputados a retirarem assinaturas. Como o Planalto não tem maioria no Senado, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), concentrou em seu gabinete o esquema.

Lula foi a Minas, mas mesmo de lá acompanhou a movimentação. À noite, voltou a Brasília e continuou no circuito para inviabilizar o avanço da CPI no ano eleitoral.

Os aliados estavam bem otimistas no início da noite, pois conseguiram o apoio de deputados de PTB, PP, PSB e PL. Até um oposicionista, Lael Varela (PFL-MG), tirou seu nome depois da promessa de liberação de verba para a fundação que mantém seu hospital em Lages do Muriaé (MG). Além das promessas de recursos de das pressões, os aliados, segundo oposicionistas, estariam ameaçando com retaliações.